O empresário português José Augusto admitiu, em entrevista a este jornal e à Angop, no município do Catengue, em Benguela, que, em muitos casos, administradores há que dificultam a vida de investidores, sobretudo no que se refere à cedência de espaços para a exploração agrícola, acabando, em certa medida, por comprometer a criação de postos de trabalho, contrariando a tese de atracção de investimentos, que tem estado em voga nos últimos tempos em Angola
O empresário lembra que as perspectivas económicas no país sugerem que os processos sejam céleres e simplificados, não entendendo, por conseguinte, as razões de alguns administradores municipais em não colocarem condições à disposição de quem pretende trabalhar para o desenvolvimento da localidade.
“É o país que funciona desta maneira e eu sou impotente para o transformar”, observa o empresário português, que investe em Angola há 20 anos nos sectores agro-pecuário e de restauração.
O homem de negócios adverte os governantes a terem mais sensibilidade e não ignorarem quem tem interesse em fazer alguma coisa em prol do desenvolvimento de Angola, a fim de que o “comboio do progresso” ande e não descarrile em uma esquina qualquer. “Assim é muito difícil um empresário ter coragem para investir. Não há nenhuma sensibilidade da parte de algum pessoal.
Eu continuo a fazer o meu caminho, dentro das minhas possibilidades e persistência”, declara. Ficaria feliz, ainda que não seja para ele, ver o Governo apoiar a quem tem vontade para a produção, quer no ramo agrícola, industrial, quer na pecuária, ao lembrar que as acções de empresários visam tão-somente a criação de postos de trabalho.
Manifesta-se, porém, aborrecido com os administradores do Caimbambo, Cubal e Catengue e acusa-os de não prestar o auxílio de que os investidores necessitam para ajudar a desenvolver as suas localidades, contrariando, deste modo, o apelo feito à margem da Feira dos Municípios e Cidades de Angola à classe empresarial para investir nessas municipalidades.
Diz estar a precisar de espaços de 100 hectares de terra para a engorda do gado semi-intensiva, com a projecção de criação de mais de 20 postos de trabalho, mas não encontra o amparo institucional. “Falei com o administrador do Cubal, do Caimbambo e falei com o administrador do Catengue, da Kanhamela e, até hoje, não há feedback. Espaço há, não querem é ter preocupação de arranjar um espaço disponível para o investidor”, lamenta.
“Angola tem de evoluir para o turismo”, sugere
O empresário tem em carteira a construção de um projecto virado para o agro-turismo, no município do Catengue, com 30 bengalôs, restaurante e piscina, estando a recorrer a fundos próprios para a sua efectivação. Para essa empreitada, deseja, igualmente, contar com o amparo institucional do Governo.
Ele observa que Angola tem de evoluir muito “para preservar o turismo”, considerando imperiosa a criação de condições infra-estruturais de energia eléctrica e água. “Quanto à água, havia um projecto no tempo do engenheiro Isaac dos Anjos, que era retirar a água do rio Coporolo e atravessar aqui (Catengue). Por razões que eu desconheço, foi desviado para não passar por aqui. Alternativa, o mais indicado era furos.
O solo não tem muita água. Nos vários testes que fizemos, três ou quatro mil litros de água. Portanto, não se justifica, num investimento de 20 milhões”, considera, que aponta a construção de barragem como uma das principais saídas. Um outro factor para atração turística são as vias de comunicação. O país – conforme disse – tem de investir na reabilitação das estradas, alguns dos quais com buracos que afugentam turistas.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela









