Siriana da Caridade, ou simplesmente Síria, é uma bebé de três meses, que nasceu em Setembro último na maternidade 4 de Abril em Cabinda, com a combinação de múltiplas e graves anomalias congênitas como ausência de olhos, ouvidos e ânus. A recém-nasci da comporta ainda uma deformação labial (lábio leporino com fenda palatina total), o que lhe dificulta se alimentar em condições
O director clínico da Maternidade de Cabinda, André Ngoma, disse à nossa reportagem que o caso surpreendeu o corpo clínico do hospital. A pequena Siriana nasceu com 3 quilos e 330 gramas. Quando veio ao mundo, o bebé não teve choros, não teve reflexos. Siriana da Caridade é filha de Luciana Casimiro, 37 anos, uma mãe com uma história obstétrica para cinco gestações, das quais quatro partos e um aborto.
Segundo o médico André Ngoma, a gravidez da Siriana não foi planificada, mas vigiada em quatro consultas pré-natais. Depois do parto, Luciana Casimiro teve hemorragias e foi levada ao bloco operatório para estancar a situação.
No dia 3 de Setembro, quer ela quer a bebé foram ambas transferidas para o Hospital Geral de Cabinda “Luís Gomes Sambo.” Após o nascimento, segundo explicou André Ngoma, o bebé apre sentou um diagnóstico de síndrome múltipla com má-formações congénitas complexas com deformidades maiores, tais como lábio leporino com fenda palatina total, atresia auro bilateral, estrutura na sal incompleta e ânus imperfurado, ou seja, ausência do canal anal.
Pela complexidade do diagnóstico apresentado, foram realizados à bebé vários estudos hematológicos com destaque para as ecografias transfrontanelar e abdominal e exames de ecocardiograma. O caso foi levado à discussão multidisciplinar do colectivo médico do Hospital Geral de Cabinda com a participação de especialistas em cirurgia, pediatria, maxila-facial e neonatologia.
A criança esteve internada nos cuidados intensivos neonatais do hospital geral durante 48 dias com uma evolução satisfatória de for ma lenta, alimentando-se de leite materno e artificial por uma sonda e seringa. Em termos de diagnóstico, segundo o médico, a criança apre senta uma síndrome genética rara, espectro óculo-auricular vertebral e a mesma goza do direito de consultas semanais no Hospital Geral de Cabinda, seguida por uma equipa médica especializada. “Depois de um ano, pensamos em fazer outras cirurgias de forma faseada para corrigir a situação”, adiantou o médico ginecologista André Ngoma, sublinhando que a cirurgia aos olhos e aos ouvidos não poderá ser feita em Cabinda por falta de condições.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda









