O secretário-geral do Bloco Democrático (BD), Mwata Sebastião, afirmou que “é verdade, existe sim uma providência cautelar imposta por alguns membros do partido”, confirmando que a força política já foi formalmente notificada pelo Tribunal Constitucional (TC)
Segundo explicou, a notificação identifica como signatários da acção os militantes Laurindo David, Barnabé Sansão e Geraldo Maiende, não estando o nome de França Bila, então mandatário do presidente reeleito, entre os contestatários.
Aliás, revelou apenas que os signatários do documento reclamam de “alguns actos praticados pela comissão organizadora da convenção”. Outrossim, e sem muitos detalhes, explicou que, embora a direcção tenha sido notificada, não tem, até ao momento, acesso ao conteúdo integral do requerimento. “Recebemos apenas a notificação.
Não sabemos se o França Bila faz parte deste grupo nem conhecemos ainda o teor da providência”, sublinhou. No entanto, as declarações do secretário-geral do Bloco Democrático contrastam com as informações divulgadas por um site noticioso, que revelou que um grupo de militantes pretende anular a convenção recentemente realizada pelo partido liderado por Filomeno Vieira Lopes.
De acordo com essas notícias, publicadas pela Rádio Casimiro, um grupo de membros do BD — supostamente liderado por França Bila, mandatário da candidatura do actual presidente do partido — submeteu ao Tribunal Constitucional uma providência cautelar com vista à anulação da última convenção. As mesmas fontes indicam que a iniciativa teria sido subscrita por quatro militantes ligados ao actual presidente, alegando irregularidades na condução do conclave. Os detalhes jurídicos permanecem sob reserva.
Acusações agravam crise interna
Paralelamente, segundo a notícia do site Rádio Casimiro, outros sectores do partido acusam publicamente Filomeno Vieira Lopes e Nelson Pestana Bonavena de alegadamente apoiarem o grupo que avançou com a acção judicial, numa estratégia que, segundo críticos, visaria “desestabilizar o partido” e criar condições para uma eventual aproximação à UNITA.
Fontes internas citadas pela Rádio Casimiro afirmam que o clima de tensão aumentou após aliados do actual presidente não terem conseguido eleger-se para os cargos de secretário-geral e vice-presidente na convenção, o que teria desencadeado um movimento de contestação à nova direcção. Entre militantes que rejeitam a providência cautelar, cresce o receio de consequências mais profundas para o partido.
“O que este grupo pretende fazer com o partido? Esta campanha pode levar o Bloco Democrático a não concorrer às eleições e, no limite, desaparecer da cena política”, alertou um membro.
Com a disputa agora a caminho dos tribunais, o Bloco Democrático enfrenta uma das crises internas mais delicadas da sua história recente. A acção judicial e as divergências públicas expõem as fragilidades estruturais e colocam em risco a estabilidade do partido num contexto de crescente pressão no espaço político da oposição.









