Em declarações ao jornal OPAÍS, a médica e especialista em Medicina de Trabalho, Sweine Coelho, disse que em Angola, falar de saúde é tocar numa das feridas mais sensíveis do tecido social.
Apesar dos avanços observados nos últimos anos, com a reabilitação e inauguração de algumas infra-estruturas, bem como a formação contínua de profissionais, Sweine Coelho revelou que nos hospitais públicos verifica-se um cenário de carências profundas, sobretudo no que diz respeito à humanização do atendimento.
“Quem já esteve em um hospital público conhece bem o peso da espera, o olhar cansado de quem precisa de ajuda e, muitas vezes, o desespero de não ser ouvido”, acrescentou.
Sweine Coelho assinalou que a saúde não se resume a medicamentos e diagnósticos, mas, sim, trata-se de cuidar de pessoas. “No entanto, ainda encontramos um sistema mais centrado na doença do que no doente”, tendo revelado a falta de empatia e comunicação entre profissionais e pacientes.
A médica apontou caminhos para melhorar o sector: “Formação humana e contínua dos profissionais de saúde. Melhoria das condições de trabalho, nenhum profissional pode prestar um atendimento digno quando trabalha em condições precárias. Garantir melhores infra-estruturas, equipamentos e remuneração justa é um passo fundamental para fortalecer o compromisso e o profissionalismo”, aconselhou.
Sweine Coelho defende gestão hospitalar eficiente, participação comunitária:
“A saúde é um direito, mas também uma responsabilidade partilhada. Envolver as comunidades na promoção de hábitos saudáveis, prevenção de doenças e monitorização do serviço público é essencial para criar um sistema mais justo e próximo das pessoas”, afirmou.









