O repovoamento faunístico, com destaque para o regresso dos elefantes, constitui um dos principais ganhos dos 50 anos de independência de Angola, considerou, nesta terça-feira, o director do gabinete da Cultura e Turismo da província do Cubango, José Eduardo Ezequias
Em declarações à ANGOP, no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência nacional, a assinalar-se 11 de Novembro, o responsável destacou o papel histórico das expedições científicas à região, apesar dos efeitos do conflito armado na fauna local. Defendeu maior investimento na rede hoteleira e nas acessibilidades para impulsionar o sector turístico local.
“Estamos a assistir ao regresso de manadas de elefantes, búfalos, hipopótamos e de várias espécies de mamíferos. A presença regular de hienas, leopardos e leões confirma que a nossa fauna está em recuperação.
Este repovoamento é um ganho importante destes 50 anos de independência”, afirmou José Eduardo Ezequias. O responsável lembrou que a actual província do Cubango foi criada em Dezembro de 2024, na sequência da divisão político-administrativa da antiga Cuando Cubango, mas a região já era conhecida internacionalmente desde o século XIX, aquando das expedições de David Livingstone, enviadas pela coroa britânica.
As expedições passaram por estas zonas e, fruto desses estudos, a revista National Geographic classificou a região como uma das áreas com maior potencial para o turismo selvagem.
O maior elefante do mundo, conhecido por ‘Jumbo’, foi descoberto em 1965, na zona do Cuito Cuanavale e está hoje mumificado num museu britânico”, recordou. Durante o período de conflito armado, continuou, muitas áreas protegidas, como o Parque do Luengue-Luiana, serviram de base militar, o que dificultou a preservação ambiental.
No entanto, segundo o director, a fauna conseguiu resistir em várias zonas, apesar da migração de espécies para países vizinhos como a Zâmbia, Namíbia e Botswana. “Perdemos o rinoceronte-negro, que fazia parte dos ‘Big Five’, mas estamos a recuperar populações de outras espécies.
O rio Cubango e os seus afluentes, como o Cuebe, Cutato, Luasingua e Cuito, são hoje santuários de crocodilos, jacarés e hipopótamos, a conservação da vida aquática é igualmente prioritária, pois os nossos rios alimentam ecossistemas em países vizinhos”, frisou.
José Eduardo Ezequias alertou para a necessidade de maior investimento privado e melhoria das vias de acesso às zonas turísticas. “Temos 147 pontos turísticos identificados, desde as quedas do Cutato, Kaquima e Makulungungu, às pedras da Vigumanha, o forte do Vongue, a antiga cadeia do Missombo, a Ilha do Cuebe e a reserva privada do Cuatir. Contudo, o acesso continua a ser difícil devido ao mau estado das estradas”, apontou.
O director saudou o lançamento, em Julho deste ano, das obras da estrada nacional 140 entre Caindo, Balachau e Savate, uma via com 240 quilómetros que vai facilitar o acesso às zonas com maior potencial turístico.
“Com estas infra-estruturas, poderemos dinamizar o turismo interno e atrair visitantes internacionais. A natureza é o nosso principal activo e precisa de investimento sério para gerar empregos e desenvolvimento sustentável”, concluiu. Actualmente, a província do Cubango conta com 300 quartos na rede hoteleira, dos quais 70 classificados como de classe A.