Uma história inédita tem circulado nos últimos dias em países como Nigéria, África do Sul e Quénia. Uma história real que parece ficção: O angolano que antecipou o futuro da segurança automóvel. Antes de Musk. Antes das câmaras nos carros. O sistema tentou apagá-lo. Mas o seu nome ficou gravado para sempre, pode-se ler na publicação Business Insider Africa
Segundo este magazine, em 2007, quando a Tesla ainda era um protótipo e os telemóveis inteligentes começavam a transformar a vida quotidiana, um jovem angolano idealizou uma solução tecnológica que antecipava o futuro da segurança automóvel.
Estudante universitário nos Estados Unidos, sem apoios institucionais, sem padrinhos e sem capital, de nome Frederico Thoth Jorge de Miranda, submeteu, junto das autoridades norte-americanas, um pedido de patente para um sistema de segurança veicular baseado em câmaras: o Vehicle Camera Security System (Patente n.º US 11/710166). O conceito propunha a instalação de câmaras activadas por eventos, capazes de registar imagens antes, durante e após a deslocação do veículo — com o intuito de prevenir crimes, proteger os ocupantes e fornecer provas visuais em tempo real.
Ninguém lhe pediu que o fizesse. Ninguém esperava isso de um estudante africano. Mas ele fez. Segundo o Business Insider Africa, o que Frederico Miranda idealizou em 2007 corresponde, quase ponto por ponto, aos sistemas hoje utilizados por marcas como Tesla (Sentry Mode), Uber, BYD, Mercedes ou Huawei: tecnologias de vigilância embarcada, inteligência artificial veicular, captação de vídeo contínua, activação automática em situações críticas e integração com o sistema de ignição.
Apesar da inovação, a patente foi rejeitada. Não por ausência de mérito técnico, mas por factores que raramente são assumidos: a falta de recursos jurídicos e financeiros, o facto de se tratar de uma ideia disruptiva numa indústria movida por interesses geoestratégicos globais e não menos importante, o facto do autor ser de origem africana.
A rejeição que revela a verdade
Mas nem o sistema pode apagar o essencial. A propriedade intelectual permanece oficialmente registada em nome de Frederico Thoth Jorge de Miranda — gravada nos arquivos digitais dos EUA, reconhecida por especialistas e redescoberta quase duas décadas depois.
“A estrutura do raciocínio, a antecipação de riscos, a solução técnica… É o trabalho de um génio puro. Não há outra forma de dizer”, afirmou um perito citado pelo Business Insider Africa.
Hoje, aos 40 anos, Frederico Miranda vê o mundo avançar com tecnologias que antecipou sozinho, num quarto de estudante. A indústria global investe milhares de milhões em soluções que partem do mesmo princípio estruturante — a imagem como ferramenta central de protecção e gestão do risco. Mas o seu nome, na maioria dos casos, continua ausente.
A trajectória do inventor angolano não é caso isolado. Jovens como William Kamkwamba (Malawi), que criou uma turbina eólica com peças recicladas, ou Samson Oghenevwakpo (Nigéria), que desenhou um motor híbrido sem apoio local, enfrentam o mesmo desafio: talento reconhecido, mas sem meios para alcançar escala.
O que torna a proposta de Frederico Miranda ainda mais relevante é o seu ponto de partida. Embora desenvolvida no contexto académico norte-americano, a ideia nasceu da vivência angolana — dos riscos do quotidiano urbano, da ausência de provas em acidentes e da necessidade urgente de soluções tecnológicas adaptadas ao continente africano.
“Não estava a tentar estar à frente de nada”, afirmou Frederico Miranda, em entrevista ao Business Insider Africa. “Vi um risco e criei uma ferramenta.”
Génio puro. Ponto final
Em 2025, África alberga a população mais jovem do planeta, mas os seus ecossistemas de inovação continuam subfinanciados e desarticulados. Como salienta o Business Insider Africa, ideias como a de Frederico Miranda só ganham visibilidade quando são replicadas, anos depois, por multinacionais estrangeiras — frequentemente sem qualquer referência à sua origem.
A patente submetida por Frederico Thoth Jorge de Miranda é, assim, mais do que um registo técnico. É uma prova do potencial intelectual africano. É um alerta. É um convite à acção.
O investimento em África deve ultrapassar os sectores tradicionais. Há urgência em apoiar a engenharia, a ciência aplicada, a robótica e o design industrial. Só com estruturas de apoio sólidas, acesso a financiamento e protecção da propriedade intelectual será possível garantir que o talento africano contribui, em pleno, para os desafios tecnológicos globais.
O futuro da mobilidade inteligente pode muito bem ter começado com um jovem angolano e uma ideia demasiado avançada para o seu tempo — mas que permanece absolutamente relevante no nosso.