O presidente da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA), reverendo Diniz Marcolino Eurico, advertiu, recentemente, aos seus membros, por ocasião do 1 de Junho, Dia da Internacional da Criança, que a igreja deve ser um lugar em que a criança encontra alternativa e amparo, sendo papel desta protegê-la. As declarações do sacerdote surgem numa altura em que, em Angola, crescem os casos de abusos contra a criança, até por supostos «homens de Deus»
Nos últimos tempos, têm sido frequentes vários órgãos de comunicação social reportarem alegadas agressões, sobretudo sexuais, envolvendo aqueles que se auto-proclamam de «homens de Deus».
Um facto que, como se nota, preocupa líderes religiosos como o reverendo Diniz Marcolino Eurico, daí ter advertido, em um culto, recentemente, a necessidade de a igreja constituir aquele lugar em que a criança encontre o conforto e a segurança de que precisa, não fosse ela um ser vulnerável.
Aos monitores afectos à Rede Nacional das Igrejas Evangélicas Sinodal de Angola, adverte que a igreja deve ser o lugar em que a criança encontre alternativa, um refúgio de violência e maus-tratos de que muitas delas têm sido vítimas. «Em alguns lares cristãos, também há violência.
Há violência porque são mal tratadas nas suas prioridades, enquanto crianças, com a fome e com muita miséria. E alguma discriminação», condena o reverendo. O religioso olha para as crianças desamparadas, usadas em trabalhos forçados, e diz ser necessário que instituições como a igreja as amparem, ao dirigir palavra de apreço aos pais e/ou encarregados de educação cujos filhos, volta-e-meia, são vítimas de abusos sexuais.
«São inúmeras e alarmantes as notícias que nos chegam, via rádio e via televisão, também nas redes sociais, sobre a violência e sobre os maustratos», considera, ao citar, a título de exemplo, incestos (pais contra filho(a)s, exploração da força de trabalho infantil, crianças feitas mendigas, em muitos casos para sustentar adultos, tráfico de menores por parte de alguns pais e encarregados de educação, entre outros.
O presidente da IESA lamenta, neste particular, o facto de algumas instituições religiosas sujeitarem algumas crianças a «jejuns forçados», contribuindo, deste modo, para a contracção de uma doença, para além de as acusar de feitiçaria.
«As instituições – estatais e privadas – responsáveis por cuidar do bem-estar da criança e dos seus direitos, enquanto pessoa, parecem não ter mais capacidade para o fazer», observa o líder religioso, acrescentando que as «estatísticas sobem diariamente, os tribunais de menores e outros departamentos ministeriais estão de processos e parecem incapazes de dar solução às inúmeras queixas».
No ponto de vista do pastor Dinis Marcolino Eurico, há ineficácia no cumprimento dos 11 compromissos, de sorte que, como sublinhou, a igreja se deve afigurar como uma entidade alternativa não só para prestar informação, mas como veículo de transformação do homem. «Do coração do pai, do coração do adulto para cuidar bem da criança. Para que a violência não mais seja praticada contra as crianças indefesas.
Uma das armas fundamentais é a oração e a bíblia», considera. Em virtude disso, ele recomenda aos pais cristãos que amem as crianças que Deus lhes concedeu e lembrem que há pessoas a suplicar a Deus por uma.
Sugere às famílias que se habituem a realizar cultos com as crianças, ensinando-as as línguas nacionais, a fim de que se preserve a cultura e a Bíblia. «Cantem com as crianças, não só em português, mas nas vossas línguas nacionais.
Atendam às suas necessidades básicas. É preciso acabar com a questão de que a criança é que corre atrás da galinha, mas na hora de comê-la ela só recebe o pé da galinha e a asa.
O osso é que é da criança e o naco grande é do pai», ilustrou o reverendo Diniz Marcolino Eurico. «Pais cristãos, usem a vossa fé para levar as crianças a Jesus de Nazaré», exortou o presidente da IESA.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela