Um grupo de dez pescadores angolanos, que andava à deriva um mês no mar, devido à avaria da embarcação, chegou ontem à província de Cabinda depois de ter sido resgatado pelas autoridades marítimas gabonesas
Trata-se de Mário Lufuco, Eduardo Paulino, Henrique Vemba, João Casimiro, Anselmo Jamba, Eduardo Canjala, Manuel Cativa, Pascoal Daniel, José Evaristo e Francisco Chivanja.
Os dez pescadores, a bordo da chata Olga, fizeram-se ao mar no dia 17 de Agosto do corrente ano a partir da vila piscatória do Soyo, província do Zaire, para a habitual actividade de pesca.
Segundo contaram à nossa reportagem, duas semanas após a actividade normal de pesca, a embarcação de madeira de fabrico tradicional na qual seguiam apresentou uma avaria no motor, o que os impediu de regressar ao Soyo.
Eduardo Paulino é engenheiro de construção civil, mas encontrava-se na chata como pescador, por falta de emprego. Em comunicação com a imprensa, depois da chegada a Cabinda, Eduardo Paulino disse que depois de saírem do Soyo a actividade de pesca decorria sem qualquer sobressalto até que a embarcação apresentou a primeira avaria que foi superada com sucesso.
Passado algum tempo, contou, a chata voltou a apresentar outra avaria no motor que não foi superada até a embarcação navegar à deriva e ser arrastada pela correnteza das águas para o norte.
“Depois de duas semanas à deriva, chegamos a um navio petroleiro com o nome e a bandeira do Gabão”, explicou. Segundo o “engenheiro-pescador”, o grupo de pescadores foi socorrido por essa embarcação, oferecendo aos angolanos água e mantimentos.
Tão logo que a embarcação petrolífera deu conta da presença da chata com avaria accionou os mecanismos de salvamento, levando os náufragos para uma zona mais segura, comunicando posteriormente as autoridades migratórias local e uma equipa da saúde para os primeiros socorros.
Depois do resgate, os pescadores foram entregues às autoridades da Marinha gabonesa, permanecendo duas semanas no Parque de Mayuma e posteriormente transferidos a Libreville, capital do Gabão.
Agradecimentos
Eduardo Paulino agradece as autoridades gabonesas por serem bem tratados, desde o resgate até ao regresso ao país. Para além de receberem apoio alimentar e vestuário, os angolanos foram levados ao hospital para apurar o seu estado de saúde.
De acordo com Eduardo Paulino, havia sempre contactos permanentes entre a proprietária da embarcação e as autoridades diplomáticas angolanas no Gabão, o que aliviou o seu sofrimento.
Os pescadores chegaram ontem a Cabinda através do posto fronteiriço do Massábi, depois de fazer o percurso Libreville (Gabão) – Brazzaville e Ponta-Negra, República do Congo.
No posto fronteiriço do Massábi, os pescadores, acompanhados por um oficial da embaixada de Angola no Gabão, foram recebidos pelo vice-governador para o sector produtivo, Macário Romão Lembe, e pelo secretário provincial da Agricultura e Pescas, Gabriel Lussuamo. As autoridades da província de Cabinda estão a trabalhar na criação de condições para que os pescadores possam regressar às suas áreas de origem.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda