A Caop B é um dos bairros de onde saíram vítimas mortais após a actuação da Polícia durante a paralisação de três dias dos taxistas, incluindo a de uma mãe de seis filhos, que morreu junto do primogénito de 14 anos, quando tentava resgatá-lo em meio aos disparos. Testemunhas afirmam que os disparos foram feitos à queima-roupa e atingiram pessoas que não participavam de actos de vandalismo registados naquela circunscrição, assim como o uso da força de forma desproporcional
Na manhã em que o bairro Caop B também mergulhou no caos, o silêncio não regressou mais. Ficou retido nos olhares sem brilho das crianças, no peito vazio das viúvas, viúvos, mães, irmãos e filhos. Assim como o som dos tiros que ecoam ainda nos ouvidos dos moradores. Sim, foi na Caop B, um dos epicentros da violência durante a paralisação dos taxistas em Luanda, que degenerou em confrontos e vandalismo.
Neste bairro, morreram cidadãos que na- da tinham a ver com a confusão. Morreram inocentes, entre eles, Ana Mobiala, mais conhecida por Sílvia, de 33 anos, que foi morta de mão agarrada ao filho de apenas 14 anos de idade. “Eli”, o nome do filho que procurava, foi a última palavra que saiu de sua boca, e assim, naquela rua da Caop B, conheceu a morte com uma bala próximo da boca. João Panzo, o viúvo, na manhã de ontem, falava devagar, tremia, como quem ainda procura entender o que aconteceu.
“Eu não estava em casa. Tinha acabado de sair com o dinheiro que a minha mulher me deu para viajar e fazer negócio. Mal cheguei lá, o meu filho mais velho, o Eli, ligou para dizer que a mãe morreu. Fiquei chocado. Quando cheguei, procurei saber o que se passou. Soube que ela ouviu tiros e procurou buscar o seu filho na rua. Quando lá chegou, conseguiu recuperar o filho no meio daqueles tiros. Ao correr para casa, foi mortalmente atingida” disse abalado.
POR: Stélvia Faria
Leia mais em