A menopausa é a ausência da menstruação em um período de um ano consecutivo e normalmente aparece entre os 45 e 55 anos de idade, mas pode ocorrer muito antes, a chamada menopausa precoce ou insuficiência ovariana prematura. As dificuldades enfrentadas por mulheres angolanas durante a menopausa revelam lacunas estruturais na assistência pública, ausência de protocolos clínicos e desconhecimento generalizado sobre uma etapa crucial da saúde feminina que, segundo a ginecologista e obstetra Eurídice Chongolola, é uma fase de vulnerabilidade psiquiátrica
Emília e Lídia Paulo são irmãs. Cresceram juntas, partilharam sonhos, dores, maternidades, perdas e conquistas. Hoje, já próximas dos 60 anos, dividem outra experiência em comum. Uma que marca profundamente o corpo, a mente e o quotidiano de milhares de mulheres angolanas: a menopausa. Suas histórias evidenciam uma realidade silenciosa, repleta de tabu, desconhecimento, sofrimento físico e emocional e, so- bretudo, falta de assistência ad quada.
Esta é uma reportagem sobre duas vidas, mas também sobre um país inteiro. Sobre a ciência por detrás da menopausa, as dores que a sociedade insiste em minimizar e a urgência de políticas públicas que enxerguem a mulher para além da sua fase fértil. “Parece que me tornei noutra pessoa”, disse Emília aos 59 anos. Mas foi aos 45 que Emília começou a sentir o corpo mudar.
Primeiro vieram os suores inten- sos e as náuseas, sintomas que se confundiam com dias de maior cansaço. Mas os sinais se tornaram cada vez mais claros. Embora continuasse a menstruar até os 57 anos, a tempestade hormonal já estava instalada muito antes.
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