O Instituto Nacional de Gestão Ambiental (INGA) e a Organização não-governamental Lead Exposure Elimination Project (LEEP) assinaram, na última semana, um Memorando de Entendimento no âmbito do Projecto de Eliminação de Tintas com Chumbo em Angola
O principal objectivo do Memorando é fortalecer a base nacional de evidências sobre a presença de chumbo em tintas arquitectónica de uso doméstico, além de apoiar a implementação da regulamentação específica que se encontra actualmente em fase de desenvolvimento.
A assinatura deste memorando surge depois de no ano passado o jornal OPAÍS ter levantado este assunto, numa reportagem, onde traz o perigo de estarmos expostos ao chumbo nas tintas.
Todos os anos, estima-se que 900.000 pessoas morram devido à exposição ao chumbo, sendo que só a exposição infantil resulta em perdas económicas de 977 mil milhões de dólares por ano, de acordo com os dados disponibilizados no relatório de 2023 do Programa das Nação Unidas para o Ambiente (PNUA). O memorando foi assinado pela directora-geral do INGA, Simone da Silva, e pela representante do LEEP, Victoria Krauss.
O LEEP é um parceiro da Aliança Global para Eliminar o Chumbo nas Tintas, que é uma iniciativa conjunta da Organização Mundial da Saúde e do PNUA, e trabalha com 25 países em África, para além da América Latina e Sul da Ásia.
Em entrevista com o jornal OPAÍS, na altura, Victória Klauss, gestora de programas do LEEP, explicou que estão concentrados nestes continentes porque o chumbo nas tintas é um problema que aparece em países de desenvolvimento baixo e médio.
“Isso é um problema grande para as crianças porque elas acabam com deficiência na aprendizagem, ou com desenvolvimento atrasado por conta do alto nível de chumbo no sangue.
O chumbo causa danos irreversíveis no cérebro e uma vez no sangue, ele não é eliminado. E em Angola, a UNICEF estima que existem cerca de 4,7 milhões de crianças com níveis elevados de chumbo no sangue”, sustenta.
O Instituto de Gestão Ambiental (INGA) e a associação angolana do ambiente EcoAngola fizeram um estudo para entender o nível de chumbo das tintas em Angola, tendo ficado concluído que 42% das tintas à base de óleo no nosso país continham níveis superiores a 90 ppm. Em alguns casos, tiveram tintas com 10 vezes mais do que o limite recomendado pela OMS.