Começou, no município da Ganda, a colheita de 333 toneladas de arroz, numa altura em que o Presidente da República, João Lourenço, reiterou, no Brasil, no quadro de uma visita de Estado, a necessidade de o país continuar a apostar fortemente na produção desse grãos. Camponeses admitem capacidade para a materialização desse desafio, mas defendem mais apoio por parte do Governo
A dificuldade da via, que dá para Santa Ana, na Ganda, não coibiu a equipa deste jornal de aceder aos campos de produção, onde dezenas de camponeses colhiam a safra, três meses depois de terem lançado a semente de arroz à terra.
Tal como na primeira digressão feita por este jornal, os camponeses apresentaram os mesmos problemas: estradas e máquinas para descasques. Segundo constatamos, a falta de maquinaria obriga a que produtores utilizem o modelo de descasque tradicional, consubstanciado em pisar o arroz ainda em casca. Mulheres e crianças com idades escolares sujeitavam-se a esse exercício, enquanto homens adultos, nas zonas de produção, recolhiam o arroz.
A perspectiva é inundar o mercado com o também conhecido “ouro branco” e inverter o quadro de importação, quando se dispõe de condições climatéricas para a sua produção.
Aliás, este foi, o mote da Administração Municipal da Ganda quando decidiu, há um ano, engajar algumas famílias, organizadas em cooperativas, para o fomento à produção do grão em grande escala, sobretudo nas localidades Kachimbango, Lundungo, Kasseke Chimboa Kalondende, para citar apenas estas.
Neste momento, foram colhidas 333 toneladas em cerca de 100 hectares de terra cultivável. Pelas condições do solo, na Ganda, é possível a produção de duas variedades de arroz, nomeadamente o regional e o híbrido. Segundo especialistas, a primeira variedade, geralmente, é mais produzida em meses de Novembro, por ser, de resto, a fase de maior precipitação pluvial.
Este tipo de arroz dispõe de capacidade de saturação. Já o híbrido é sensível a grandes qualidades de água, daí que a maior parte de famílias, nas regiões referidas, prefiram este último ao primeiro, por permitir o controlo com facilidade e, por conseguinte, produzir-se duas vezes ao ano.
O director da Estação de Desenvolvimento Agrário, Zacarias Justo Catumbela, garante ter colocado à disposição de produtores insumos de que precisam para produção. “Há solos mais ácidos.
Por exemplo, este solo que nós temos aqui não é muito exigente, mas há sempre necessidade de se criar um suporte”, apontou o responsável, fazendo referência à região do Kasseke.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela