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Escolas Familiares Rurais tidas como alternativa para o subsistema de ensino em Angola

Jornal OPaís por Jornal OPaís
23 de Junho, 2025
Em Sociedade
Tempo de Leitura: 7 mins de leitura
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Escolas Familiares Rurais tidas como alternativa para o subsistema de ensino em Angola

O ensino em Angola é desenvolvido através de subsistemas que se adaptam à realidade dos seus destinatários, como o ensino especial dirigido a pessoas com necessidades especiais, o ensino técnico profissional e o ensino geral, que enfrenta ainda diversas dificuldades, sobretudo nas zonas rurais, onde os aspectos culturais, sociais e climáticos constituem barreiras para o seu desenvolvimento

Alguns aspectos socioculturais e climáticos, tais como a seca e a pastorícia, são apontados pelos actores sociais como a principal dificuldade para o sucesso do ensino geral nas zonas rurais do nosso país. As províncias do Namibe, Huíla e Cunene são as mais afectadas por estes fenómenos.

Os municípios dos Gambos e Chibia são os mais afectados, sendo que no primeiro, o êxodo rural, marcado pela saída de adolescentes e jovens para os grandes centros urbanos à busca de melhores condições de vida, muitas abandonando a escola.

Para mitigar os efeitos destes e outros problemas, a Arquidiocese do Lubango, através do Centro Regional de Práticas Agro-ecológicas (CERPA), em parceria com entidades não governamentais, com destaque para a Fundação Ondjyla, a Fundação Brilhante, o Instituto CRIIA e a empresa Jardins da Yoba, apresentou recentemente, na cidade do Lubango, capital da província da Huíla, um novo conceito de ensino técnicoprofissional, que pode dinamizar o ensino em Angola, sobretudo nas zonas rurais.

Este novo conceito denomina-se Escolas Familiares Rurais (EFRs), que, numa primeira fase, vai ser implementado na Missão Católica de Santo António, na localidade de Tyihepepe, cuja estrutura física já se encontra a cerca de 80 por cento de execução física.

As Escolas Familiares Rurais vão funcionar num sistema com a participação da comunidade no sistema de ensino e aprendizagem, com vista à maximização dos resultados, que passam pela criação de fontes de receita para os seus formandos, particularmente para o agronegócio.

O coordenador do Centro Regional de Práticas Agro-ecológicas (CERPA), Padre Jacinto Pio Wakussanga, destaca as valências das Escolas Familiares Rurais na preparação do homem novo em zonas rurais. “São escolas que respondem aos desafios das zonas rurais, tendo em conta as suas especificidades.

O mundo está a enfrentar alterações climáticas, como é o caso do fenómeno El Niño, que provoca inundações em algumas regiões e seca severa noutras, com resultados nefastos, pelo que há a necessidade de se encontrar fórmulas para mitigar estes efeitos com a participação da própria comunidade impactada”, sustenta.

Eis que estão a apresentar este sistema de ensino de alternância, que são as Escolas Familiares Rurais, para se acabar com o fenómeno do abandono escolar e o êxodo rural.

Por outro lado, o Padre Jacinto Pio Wakussanga revelou que a igreja está à procura de um modelo de ensino técnico-profissional que possa se adequar às famílias rurais, de forma a tornar o processo de ensino um direito para todos os cidadãos nacionais sem qualquer discriminação.

“É preciso ir ao encontro dos que vivem nas zonas rurais” O vigário da Arquidiocese do Lubango, padre Domingos Maurício Kapembe, disse ser necessário que as instituições públicas e privadas vão ao encontro das pessoas que não vivem nas zonas urbanas, para atender às suas necessidades, particularmente no que diz respeito ao ensino.

De acordo com o clérigo, os diversos subsistemas de ensino em vigor no nosso país têm encontrado algumas dificuldades, sobretudo nas questões culturais e ambientais, facto que faz com que os resultados não sejam os mais desejados.

“O propósito é encontrarmos um ensino de alternância, para se ir ao encontro das necessidades das pessoas que vivem nas zonas não urbanas, um ensino adaptado em que o formando saiba integrar aquilo que é o ensino científico, o ensino sistemático, dentro da sua zona, dentro do seu habitat.

Penso que é uma coisa que deveríamos ter a coragem de analisar, este ensino de alternância, para depois, com o tempo, abrirmos mais um subsistema de ensino nesta linha”, apontou.

Escolas Familiares Rurais no mundo

O modelo de Escolas Familiares Rurais teve sua origem na França e funciona há mais de 90 anos em todo o mundo, com mais de 1500 escolas. A nível do continente africano, estas escolas abrangem Moçambique, Marrocos, Costa do Marfim e, agora, Angola.

O processo de ensino e aprendizagem nestas escolas é feito no sistema de alternância, que consiste na participação de todos os integrantes da comunidade para o seu êxito, com a integração da teoria à prática, particularmente para a agricultura.

Estas escolas, numa primeira fase, vão albergar alunos com idades compreendidas entre os 15 aos 29 anos, do Iº e IIº ciclos do ensino secundário, que vai da 7ª à 12ª classes, cujos modelos curriculares e programas serão tutelados pelo Instituto Técnico Agrário do Tchivinguiro. Os professores para a primeira escola, que vai funcionar no município dos Gambos, já começaram a ser formados na cidade do Lubango.

O director do Instituto CRIIA, Roberto García Marirrodriga, falou da importância do ensino técnico-profissional nas zonas rurais e o seu impacto nas vidas das comunidades, sobretudo naquelas em que as Escolas Familiares Rurais já funcionam há algum tempo.

“Este sistema consiste na continuidade da formação e uma descontinuidade de actividades, espaço e tempo; numa formação organizada em tempo inteiro, em ritmo adequado, indo do concreto para o abstrato, do particular para o geral, do local para o global”, descreveu.

1.ª Escola Familiar Rural orçada em 1,2 milhões de dólares

A 1.ª Escola Familiar Rural está a ser erguida no município dos Gambos, num patrocínio da Fundação Brilhante, cujas obras observam cerca de 80 por cento de execução física e 100 por cento de execução financeira, orçadas em 1,2 milhões de dólares norte-americanos.

O director da área de contabilidade e finanças da ENDIAMA-EP, Azevedo Artur, disse que o financiamento feito para o Centro Regional de Práticas Agro-ecológicas da Arquidiocese do Lubango insere-se na responsabilidade social corporativa desta empresa diamantífera.

De acordo com a nossa fonte, a intervenção no município dos Gambos abrange igualmente a reabilitação da Missão Católica de Santo António de Tyihepepe. As obras para a construção da escola decorrem a bom ritmo e deverão ser entregues ao dono ainda este ano.

“A empreitada do CERPA e as áreas circundantes, como a igreja que também está a ser reabilitada. As obras estão em cerca de 80 por cento de execução física, acreditamos que o compromisso firmado com o empreiteiro, dentro de sensivelmente 90 dias, este empreendimento social estará concluído em finais de outubro e princípio de novembro”, garantiu.

Jardins da Yoba garante apoio técnico

A empresa Jardins da Yoba, que atua na produção e melhoramento de diversas sementes, garante prestar apoio técnico à Escola Familiar Rural que vai funcionar no município dos Gambos, tendo em conta a sua vasta experiência no mundo do agronegócio.

Creusa Valter, directora executiva da empresa de direito angolano, disse que o projecto foi pensado com o objectivo de garantir autonomia financeira dos jovens nas comunidades rurais, que muitas das vezes são obrigados a deixar as suas zonas de conforto para os grandes centros urbanos.

“Este é um projecto que vimos ser importante para a inclusão das famílias no sistema produtivo, nós temos tecnologia para a prática da agricultura em zonas como estas, cujo clima não é favorável para certas culturas, por isso, quando as escolas entrarem em funcionamento, estaremos ali, para prestar todo o suporte tecnológico que a formação exigir”, assegurou.

Governo Provincial da Huíla reconhece importância da agro-ecologia

O Governo Provincial da Huíla reconheceu recentemente a importância da agro-ecologia, que vai ser operacionalizada pelas Escolas Familiares Rurais no município dos Gambos.

O reconhecimento foi demonstrado pela Vice-governadora para o sector político, social e económico, Maria João Tchipalavela, tendo dito que ela é um modelo de vida sustentável que traz a dignidade humana e o equilíbrio ecológico no centro de desenvolvimento.

A governante disse ainda que é necessário repensar os modelos de ensino vigentes no país, com particular atenção ao ensino técnico-profissional, tendo sempre em conta as necessidades de cada comunidade, com vista ao combate aos problemas sociais e ambientais, tais como o desmatamento, a degradação dos solos e a insegurança alimentar.

“Diante deste cenário, a escola deve mudar a sua configuração metodológica, precisamos de políticas que trabalhem a dimensão inclusiva dos modelos de vida das comunidades; que percebam a dimensão metodológica dos programas escolares e que tragam, acima de tudo, a dimensão de investigação que pode ser feita pelos próprios jovens naquilo que são os seus espaços à volta da sua própria casa”, afirmou.

Por seu lado, o Administrador Municipal dos Gambos, Francisco Barros, garantiu prestar apoio total para a realização de todo o processo burocrático para o funcionamento da primeira Escola Familiar Rural do país, que vai funcionar no município que dirige.

Por: João Katombela, na Huíla

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