As autoridades angolanas devem ponderar a introdução de um novo paradigma de abordagem na investigação dos acidentes de viação, com a exigência da ficha psicológica aos condutores e o teste de substâncias psico-activas, não se limitando ao bafómetro
A tese foi defendida ontem, segunda-feira, pelo médico legista António Pascoal, que defende essas medidas que serviriam para a prevenção de uma das principais causas de morte e invalidez no país, os acidentes, que do ponto de vista judicial têm uma forte repercussão no quadro penal, laboral e civil. António Pascoal apontou os dados do Censo de 2014, que Angola apresentava 142 mil 566 habitantes com deficiência resultantes de acidentes de viação.
Em declarações à ANGOP, o responsável do Departamento de Medicina Legal do SIC- Huíla, declarou que essa nova abordagem agregaria valor à Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Viação lançada em Agosto.
Na visão do especialista, os condutores de transportes colectivos de passageiros deviam ter uma ficha sanitária sobre o seu estado psicológico, o que seria uma das exigências a considerar pela Polícia Nacional no âmbito da prevenção rodoviária.
“Não sabemos se todos os acidentes de viação ocorreram ou ocorrem, de facto em contexto acidental, ou se houve ainda motivações de carácter suicida e não só”, disse.
O profissional em medicina forense pensa ser oportuno considerar a introdução de rastreio de outras substâncias psico-activas para além do álcool, como é caso das drogas de abuso e medicamentos, no âmbito da fiscalização rodoviária, pois é um imperativo estratégico e com dignidade suficiente para ser tratado a mais alto nível.
Dados da Direcção Nacional de Trânsito Rodoviário apontam que país registou, no primeiro semestre, seis mil e 55 acidentes (-143), com 1.482 (-117) mortes e 8.582 (+31) feridos, o que corresponde a uma redução de um por cento.