Os criadores tradicionais de gado nos municípios dos Gambos, Chibia e Hoque, na província da Huíla, queixam-se da falta de vacinas para imunizar os seus animais, sobretudo o gado bovino que, nesta época do ano, é usado para a prática da agricultura nesta safra 2025/2026, cuja abertura nesta parcela do território nacional ocorreu no quinto dia do mês e ano em curso
No município da Chibia, a reclamação vem do chefe dos serviços de veterinária, Laurindo Pedro, tendo dito que o que está em falta na localidade são vacinas contra diversas doenças, com destaque para o carbúnculo hemático e sintomático e dermatite nodular, que afectam muitas manadas.
Sem adiantar o número de animais que padecem das doenças acima descritas, o responsável pelos serviços de veterinária no município da Chibia revelou que são necessárias mais de 100 mil doses de vacinas para atender às necessidades dos criadores daquele município do sul da província da Huíla.
“Nesta altura, nós temos a necessidade de vacinas para o gado bovino; a nossa necessidade é de pelo menos 160 mil doses, particularmente contra a PPCB, dermatite nodular, carbúnculo sintomático e carbúnculo hemático; estas são as quatro doenças contra as quais habitualmente imunizamos quando há uma campanha de vacinação a nível de todo o país”, explicou.
Por outro lado, o responsável sanitário disse que a sua organização tem vindo a trabalhar na mobilização dos criadores tradicionais do município da Chibia, para que estes adiram às campanhas de vacinação, uma vez que se tem notado um certo cepticismo no seio dos criadores, sobretudo em época agrícola. Já o soba da localidade de Caculuvale, a cerca de 20 quilómetros da sede municipal da Chibia, Armando Fernando Kamphandje, defende a construção de tanquebanheiro na sua localidade para tratar de doenças que afectam o gado bovino, como é o caso da dermatite nodular.
“Assim que a chuva começou, os animais já começam a ficar doentes, sobretudo por conta do capim novo que vai brotando. Aqui não temos vacinas, temos de recorrer à localidade da Lufinda, mas temos aqui todas as condições preparadas para uma campanha de vacinação. Estamos a preparar a construção de uma manga de vacinação, basta que o governo nos mande as vacinas”, assegurou. Por seu lado, a directora municipal da agricultura na Chibia, Adelaide Armando, reconhece o déficit que se regista no município que dirige em termos de vacinação do principal activo das famílias camponesas.
Adelaide Armando disse que o município da Chibia é um dos que detêm maior número da população bovina na província da Huíla, dispondo estimadamente de mais de 100 cabeças de gado bovino. A nossa interlocutora garantiu que a administração municipal tem vindo a trabalhar no sentido de se mobilizarem vacinas para que se imunizem os animais ainda no início do próximo ano.
“Temos falta de vacina para o gado, como se sabe, nós somos um município altamente agropecuário, nós controlamos um efectivo pecuário a rondar cerca dos 160 mil bovinos. Vamos continuar a fazer as nossas solicitações ao Departamento Provincial, a ver se na presente campanha, isto é, a partir dos meses de Fevereiro e Abril, conseguimos vacinar o gado bovino e a desparasitação externa.
Em termos de stock, estamos zerados, temos apenas vacinas contra a raiva para os canídeos”, disse. O soba da sede municipal do Hoque, Namuele Caita, disse que o seu município é um dos que abastecem a província e não só com produtos do campo; no entanto, a agricultura é feita com base na atracção animal, por isso, solicita que as autoridades competentes trabalhem no sentido de manter a saúde dos animais que são usados para cultivar a terra.
“No nosso município não temos a mecanização agrícola, por isso, os nossos camponeses, para cultivarem a terra, recorrem aos seus bois, mas ainda não foram vacinados. O que nos preocupa é que estamos a entrar na época agrícola, tem capim novo, o que pode causar doenças aos bois; por isso, pedimos às autoridades que acelerem o processo de vacinação dos animais”, apelou.
João Tyihetequey, secretário da Associação dos Criadores Tradicionais de Gado “OVATHUMBI” nos Gambos, defende a criação de uma farmácia na vila de Chiange, sede municipal dos Gambos, com vista a facilitar os criadores na aquisição dos fármacos, já que eles não têm possibilidades de se deslocar à vizinha República da Namíbia, onde são comercializados.
“Os grandes fazendeiros vão à Namíbia ou mesmo à África do Sul à procura de vacinas. Se o governo colocasse aqui no Chiange uma farmácia, nós poderíamos adquirir aqui mesmo as vacinas e, desta forma, não sobrecarregar muito o governo, porque nós reconhecemos que são muitas as necessidades que o governo tem. Se ele cria condições, nós podemos também comparticipar”, admitiu.
Por: João Katombela, na Huíla









