O comandante da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), Mário Queiroz Marques, apelou, durante a tarde de confraternização entre os membros desta corporação e as crianças do Lar Kuzola, realizada neste sábado, aos pais e encarregados de educação a prestarem devida assistência aos seus filhos
O comissário-chefe afirmou que têm recebido muitas reclamações de pessoas, que classifica de irresponsáveis, que não dão sustentos aos seus próprios filhos. “Daí um apelo a todos os pais e mães: devemos dar o que as crianças merecem.
Não só os pais biológicos, mas todo indivíduo que se sente pai deve dar um bocadinho de si para juntar o esforço das pessoas”, justificou. O oficial comissário fez essas declarações à imprensa, à margem da actividade realizada no âmbito das comemorações do 33.º aniversário deste braço operacional da Polícia Nacional e em alusão ao Dia Internacional da Criança, assinalado ontem, 1 de Junho.
Por considerar que as crianças que se encontram neste lar merecem cuidado e atenção de toda a sociedade, Mário Marques defendeu que as profissionais que trabalham neste local são verdadeiras heroínas por se dedicarem a devolver alegria às crianças que muito necessitam.
“Vale dizer que muitas das crianças que acabamos de ver aqui, bem como as que estão no berçário, são as que mais necessitam”, frisou. Isso por se tratar de crianças que foram abandonadas na rua pelos pais e apareceu uma mãe ou um pai que neste momento está a cuidar.
Pelo que considera que todos os cidadãos devem envidar esforços para devolver o sorriso às crianças que muito necessitam. Tendo em conta que essa não é a primeira vez que os efectivos da PIR visitam este lar, o comissário-chefe Mário Marques manifestou a disponibilidade de continuar a apoiar essa instituição de caridade. “A PIR é uma polícia do cidadão e para o cidadão.
As crianças do Lar Kuzola, e tantas outras em situações vulneráveis, merecem a atenção e solidariedade de toda a sociedade”, afirmou. Na mesma linha, a chefe do Departamento Pedagógico do Lar Kuzola, Elisa Sampaio, manifestou preocupação com o número crescente de crianças acolhidas, revelando que, esta semana, se encontram na instituição 401 crianças. De acordo com a responsável, uma das principais causas do abandono delas é a negligência familiar.
“Temos também aqueles casos de crianças perdidas. Crianças afundadas por feiticeiras”, sublinhou, ressaltando que o abuso sexual é uma causa intrínseca. Elisa Sampaio explicou que as crianças perdidas acabam por se afastar da família, o que as torna vulneráveis.
E que, ao longo da actuação do profissional, acabam por descobrir que, na verdade, o principal motivo que fez com que ela abandonasse a família, ou seja, se afastasse, foi o abuso sexual. “E temos aqui muitos casos”, enfatizou.
Por outro lado, Elisa Sampaio disse que a sua equipa tem procurado localizar os familiares de crianças desaparecidas, pelo que apela que cada adulto seja responsável pela protecção e cuidado das crianças.
E se não se fizer isso hoje, os pais vão deixar em mãos alheias o futuro da Nação angolana. “E nós temos que pensar hoje e agora, para nós termos sustentabilidade lá mais para a frente”, frisou.
Em relação ao gesto da direcção da PIR, afirmou ser uma mais-valia para as crianças porque elas tiveram a oportunidade de entrar em contacto com a Polícia. Além de trocarem afectos, tiveram também a oportunidade de conhecer pessoas que exercem uma profissão delicada, mas muito especial.