A então comuna da Capunda Cavilongo, recentemente elevada à categoria de município, no âmbito da nova Divisão Político-Administrativa, que para a província da Huíla criou 9 novos municípios, é conhecida como um dos principais produtores de hortícolas, tubérculos e citrinos, nomeadamente repolho, cenoura, couves, batata-doce, limão e laranjas, que abastecem todo o território huilano e as províncias de Benguela e Luanda
Os camponeses organizados em cooperativas no município da Capunda Cavilongo podem aumentar os níveis de produção, com o auxílio do Programa de Fortalecimento do Sistema de Protecção Social “Kwenda”, que está a ser executado pelo FAS-Instituto de Desenvolvimento Local.
Este programa compreende duas componentes de assistência às famílias mais vulneráveis, nomeadamente Transferências Sociais Monetárias e a componente da Inclusão Produtiva, que visa aumentar a capacidade de produção de diversos bens no seio das famílias camponesas.
A componente da Inclusão Produtiva, que está a beneficiar um total de 720 famílias que estão inseridas em actividades geradoras de renda, nos sectores da agricultura e criação de animais de pequeno porte, como galináceos, caprinos e suínos.
Para abranger um maior número de beneficiários, foram criadas no município da Capunda Cavilongo três cooperativas, compostas maioritariamente por mulheres, que no âmbito do Kwenda foram beneficiadas com 7 milhões de kwanzas.
Elisa Pedro, da cooperativa Tukokumena, disse que trabalhava a terra de forma empírica, com o apoio do Kwenda, os métodos serão alterados para o melhor, de forma a aumentar a produção. A sua cooperativa integra 120 pessoas, maioritariamente mulheres.
“Nós antes trabalhávamos sem qualquer experiência, e isso fazia com que a produção fosse pouca, mas depois que foi criada a cooperativa, tivemos uma formação que nos permite cultivar a terra no momento certo e usar os meios certos para a sua fertilização.
Temos sementes, enxadas e charruas que recebemos. Por isso, apelo a todas as mulheres que se organizem em associações para que possam receber apoios para aumentar a sua produção”, disse.
A nossa interlocutora revelou ainda que, com a criação de cooperativas, existe na localidade de Tchipandanbangala, um banco de sementes, acoplado ao Centro de Desenvolvimento Comunitário da mesma localidade, com vista a minimizar a carência de sementes que os homens do campo da Capunda Cavilongo ainda enfrentam.
Ainda no âmbito da componente de Inclusão Produtiva, as famílias estão a beneficiar de meios de produção, como sementes de feijão manteiga com 1100 quilogramas; feijão frade de 1000 quilogramas; soja de 520 quilogramas; batata-rena 1500 quilogramas, hortícolas diversas 33 latas de sementes; fertilizantes NPK e amónio com 44 sacos; dois pulverizadores e quatro kits de veterinária para os tratadores de gado.
O referido programa criou ainda um Centro de Desenvolvimento Comunitário (CDC) que compreende dois jangos, uma unidade de transformação de cereais, bem como procedeu à entrega de dois triciclos que vão servir para o escoamento da produção para os centros comerciais.
Caixa comunitária dinamiza vida de famílias
A componente de Inclusão Produtiva do Programa de Fortalecimento do Sistema de Protecção Social “Kwenda” está igualmente a financiar a criação de caixas comunitárias no seio das cooperativas com o objectivo de dinamizar a vida económica de centenas de famílias no município da Capunda Cavilongo.
De acordo com Gerónimo Cavela, presidente da Cooperativa Tokokumena, que recebeu um total de 7 milhões de kwanzas, que vão servir para o fomento de créditos entre os seus membros e outros moradores da referida localidade.
Segundo o interlocutor, por não haver uma agência bancária no município, a criação da caixa comunitária vai facilitar a vida dos seus habitantes, principalmente os membros das cooperativas, com uma taxa de juros baixa, para desenvolver diversas actividades, sobretudo para o sector da agricultura.
“Com este dinheiro, vamos passar a ceder créditos aos nossos cooperantes para que estes possam desenvolver alguma actividade produtiva, mas o nosso foco é a agricultura, por exemplo, se um membro da cooperativa solicitar um empréstimo de 100 mil Kwanzas, ele devolve 110 mil, mas se for um membro que não seja da cooperativa, deverá devolver 120 mil”, revelou.
Por seu lado, João Jambela, presidente do Conselho da Administração da Vandjolele, composta por 97 membros, dos quais 77 são mulheres, disse que a sua cooperativa vai reunir os seus membros para definir os moldes de atribuição dos empréstimos.
“Nós vamos reunir o nosso comité para definir os moldes de atribuição dos empréstimos, a princípio, o prazo de reembolso é de quatro meses quem recebe 100 mil kwanzas devolve 110 mil, quem recebe 50 mil, devolve 55 mil, mas se não for membro da cooperativa, ele devolve 120 mil, caso tenha recebido 100 mil e 60 mil kwanzas, caso tenha recebido 50 mil kwanzas”, detalhou.
Para a Inclusão Produtiva, o FAS tem para o município da Capunda Cavilongo, 42 122 186 14 (quarenta e dois milhões e cento e vinte e dois mil, cento e oitenta e seis kwanzas e catorze cêntimos).
Mais de 20 mil famílias beneficiadas com o Kwenda na Capunda Cavilongo
No quadro da expansão do Programa de Fortalecimento da Protecção Social-Kwenda, o FAS realizou, recentemente, um acto público de entrega de benefícios às famílias do município de Capunda Cavilongo, com um total de 24 mil e 929 agregados familiares inscritos na componente de Transferências Sociais e Monetárias.
Dos agregados familiares escritos no município mais novo da província da Huíla, 485 foram beneficiados com a 1.ª e 2.ª recorrência, sendo que cada família recebeu um total de 66 mil kwanzas, num processo iniciado no dia 8 de Janeiro do ano em curso.
Bibiana Joaquim, de 22 anos, é uma das beneficiárias da componente das transferências sociais monetárias, que recebeu 66 mil kwanzas, disse que o valor recebido vai servir para iniciar o seu projecto de criação de campinos.
“Antes eu me dedicava apenas aos trabalhos do campo, porque não tinha meios que pudessem ajudar-me a fazer uma outra coisa, com estes valores, vou comprar cabritos para dar início ao meu projecto de criação.
Apelo às mulheres que ainda não se inscreveram, que venham se inscrever, para que possam, como eu, dar início ao seu próprio negócio”, apelou.
Carlos Cambage, produtor de cebola, disse que trabalha em dois hectares, apesar de possuir cinco por falta de condições, entretanto, o espaço para a produção poderá vir a aumentar depois de ter recebido a transferência social monetária na ordem dos 66 mil kwanzas.
“Eu cultivo até ao momento só cebola, porque não tinha dinheiro para adquirir mais sementes, mas depois de ter recebido este dinheiro, vou comprar outras sementes, sobretudo de cenoura, repolho e tomate, para ocupar os três hectares que ainda não estão cultivados e daí seguir a minha vida”, afirmou.
O FAS tem disponível para o município da Capunda Cavilongo, para toda a componente de transferências sociais monetárias, um total de 1 645 314 000 00 (um mil milhões, seiscentos e quarenta e cinco milhões, trezentos e catorze mil kwanzas).
O director do FAS, Frederico Sanumbutwe, disse que o Kwenda, na província da Huíla, já está a ser executado em 10 municípios, incluindo os 9 novos surgidos da Nova Divisão Política Administrativa.
Inclusão produtiva do Lubango
O Kwenda possui a componente de inclusão produtiva que, em forma piloto, começou a ser implementado no município da Cacula. Esta componente está a ser igualmente executada em algumas zonas periféricas da cidade do Lubango.
Na capital huilana, esta componente já ganha corpo em seis bairros periféricos, nomeadamente, Mapunda, Comandante Nzanji, Dr. António Agostinho Neto, bairro A Luta Continua, Ferrovia e Chioco.
Para a execução destas acções que começaram com uma formação profissional dirigida aos jovens dos referidos bairros nas áreas de culinária, pastelaria, canalização, serralharia, carpintaria, eletricidade e corte e costura, estão disponibilizados 196.366.751,33 (cento e noventa e seis milhões e trezentos e sessenta e seis mil e setecentos e cinquenta e um kwanzas e trinta e três cêntimos).
O diretor-geral do FAS, Belarmino Jelembi, destaca o impacto de todas as acções que estão a ser desenvolvidas pela organização que dirige, no fortalecimento das capacidades económicas das famílias, com realce para as caixas comunitárias, a multiplicação de sementes e a inclusão produtiva.
“Nós estamos a desenvolver aqui o conceito de Centro de Desenvolvimento Comunitário que vai incorporar todas estas dimensões.
As caixas comunitárias representam uma oportunidade para que, dentro das comunidades, os membros das cooperativas, entre outros, pratiquem pequenos empréstimos entre si e que possam ter uma planificação da produção”, afirmou.
Por: João Katombela, na Huíla