O programa do MASFAMU será implementado em cinco províncias, nomeadamente Luanda, Cuando Cubango, Huíla, Cunene e Namibe, e os municípios onde serão desenvolvidos o pro- grama terão um espaço para atendimento dos jovens e adolescentes.
De acordo com a coordenadora do programa de salvaguarda para jovens (SYP), Telma de Castro, as salas inauguradas ontem estão numa das instalações do MASFAMU, que é usada como espaço de empoderamento feminino, onde já são ministrados cursos de formação profissionais de corte e costura, cabeleireiro, pastelaria e, nos próximos tempos, o curso de assistente social.
Neste sentido, desde o mês de Setembro do ano em curso, foram sensibilizadas mais de 500 crianças sobre saúde sexual e reprodutiva. A ideia é que tenham uma vida saudável, sem discriminação, coerção ou violência, assim como serem aconselhadas sobre a prevenção da gravidez precoce e casamento infantil, entre outros aspectos.
Nas salas e bancadas comunitárias para o atendimento aos adolescentes e jovens vulneráveis sobre saúde sexual reprodutiva, serão debatidos temas como a gravidez, casamento precoce, doenças sexualmente transmissíveis, abuso sexual, violência doméstica, empoderamento da jovem mulher.
Para a activista do Rangel, do programa de salvaguarda para jovens (SYP), Ana Cruz, para além do espaço físico preparado para receber os jovens e adolescentes, a sua equipa também tem desenvolvido palestras no interior de bairros e centros de acolhimento. Tem-se registado muito interesse dos adolescentes nas questões relacionadas com a saúde sexual reprodutiva, sobretudo as de 14 anos de idade, que já menstruam, e as que já são mães. Contudo, a activista reforça que os mitos ainda dificultam o seu trabalho.
Taxa de fecundidade entre as mais altas
Por seu turno, a secretária de Estado para a família e promoção da mulher, Alcina Kindanda, lembrou que Angola é considerado um país jovem, onde cerca de 65% da população é constituída por crianças, adolescentes e jovens até aos 25 anos.
Deste valor percentual, 33% são mulheres e um terço destas são adolescentes e jovens, com idades entre os 15 e 19 anos – já com a vida reprodutiva activa. Segundo os dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2015-2016, a taxa de fecundidade em Angola é elevada, a cifra se fixou em 6,2 filhos por mulher. A taxa de prevalência de contraceptivos é de 14% e temos uma necessidade não atendida de planeamento familiar, entre meninas de 15 a 19 anos, de 43%.
Alcina Kindanda referiu que os dados estatísticos revelam de for- ma clara que as múltiplas barreiras, que continuam a perpectuar as desigualdades entre homens e mulheres, resultam das percepções e de normas sociais discriminatórias sobre as expectativas para os comportamentos femininos e masculinos, considerados social- mente aceites.
Por essa razão, o grupo alvo em referência constitui prioridade na agenda do governo angolano, onde políticas e estratégias são traçadas, para que, por meio dos vá- rios departamentos ministeriais, incluindo o MASFAMU, as crianças, adolescentes e jovens, tenham acesso à informação e formação de qualidade, sobre direitos sexuais e reprodutivos e que garantam a mudança de comportamento de risco.
O SYP tem sido levado a cabo em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), que fornece apoio técnico, metodológico e financeiro, para que, de forma abrangente, adequada, correcta e acessível, os adolescentes e jovens sejam munidos de ferramentas que lhes permitam prevenir, mudar comportamentos, principalmente em relação a saúde sexual e reprodutiva.
Fazem parte do projecto o Ministério da Saúde, Educação, Planeamento, que juntos pretendem melhorar a saúde reprodutiva do público-alvo. O SYP no Rangel fica localizado no bairro da Precol, junto ao CASI (Centro de Acção Social Integrado).