O Presidente de Angola, João Lourenço, afirmou, esta quarta-feira, no Cairo, que a visita ao Egipto serve para fazer uma mudança de página no relacionamento entre ambos os Estados, para que o país alcance o nível de desenvolvimento egípcio
O estadista angolano disse que este novo momento tem como característica uma parceria renovada entre os dois países, na qual “quem tem mais a ganhar é, sem sombra de dúvidas, Angola, que pretende chegar aos níveis de desenvolvimento do Egipto, pratica mente em todos os domínios”.
João Lourenço intervinha numa Mesa Redonda de Negócios Egipto-Angola com Líderes Empresa riais Egípcios, no quadro da visita que efectua ao Egipto, iniciada terça-feira e com término na quinta-feira.
Após a exibição de um vídeo sobre os níveis de crescimento do país, em termos de urbanismo e obras públicas, o Chefe de Estado disse serem poucos os países do mundo que conseguem, num período de tempo tão curto, construir 24 cidades e com a qualidade apresentada.
Recordou que Angola e o Egipto têm relações que remontam há 49 anos, mas que não se tem sabido tirar o devido proveito das potencialidades de um e de outro país em termos de recursos humanos, em primeiro lugar, mas também de recursos naturais.
Na visão do Presidente, o encontro com os homens de negócios egípcios foi “uma oportunidade para conhecerem Angola de hoje e a que pretendemos ver num futuro breve”, desenvolvida como desempenho do sector privado.
“Os investidores egípcios estão convidados a ser parte deste grande desafio de transformação de Angola”, realçou.
O Presidente da República recordou que Angola enfrentou um longo período de conflito armado que dificultou o desenvolvimento, acrescentando que o sistema político era de partido único em que praticamente o único investidor era o Estado e o sector privado “estava amordaçado”.
“Nenhum país se desenvolve sem o sector privado da economia. Nós sabíamos disso, mas tardou termos a coragem de dar o passo necessário para o sector público (o Estado) se retirar da economia e deixar este mesmo lugar a quem de direito, o sector privado”, sublinhou.
Observou que Angola é produtor de petróleo e, ao longo de décadas, o país viveu, quase exclusivamente, das receitas deste produto, e vivia importando praticamente tudo.
A produção restringia-se quase exclusivamente ao petróleo, frisou, sublinhando que hoje se es tá a criar, e numa fase já bastante adiantada, um novo ambiente de negócios com regras muito claras, com o apelo para que o sector privado se desenvolva e gradualmente substitua o papel desempenhado pelo sector público ao longo das últimas décadas.
“Queremos diversificar nossa economia. Queremos, podemos e de vemos fazê-lo, sob pena de sucumbir”, assinalou, salientando que o sector privado da economia tem que ser o motor da economia em Angola e representar uma fatia bastante grande do Produto Inter no Bruto (PIB), que ainda é constituído e alimentado sobretudo pelas receitas do petróleo.
O Chefe de Estado angolano disse que o Executivo está apostado em inverter a situação com a criação de incentivos e políticas para que o sector privado ocupe o seu espaço e consiga representar uma percentagem muito maior do que o sector petrolífero na economia do país, no geral, e, particularmente, na com posição do PIB.
Ressaltou que as economias africanas são, regra geral, voltadas para o campo ou a agricultura, recordando que Angola já foi exportadora de produtos cultivados internamente, como café, algodão e sisal.
De acordo com João Lourenço, há a pretensão de se voltar a esse tempo, fazer de Angola um país que produz para o seu autoconsumo, evitando importar os produtos da cesta básica e, deste modo, criando excedentes para a exportação.
“O que pretendemos dos investidores egípcios é que olhem para Angola como uma grande oportunidade, não apenas no sector da agricultura, onde temos terras aráveis abundantes, água, bom clima, um país onde não há inverno, para que possam desenvolver a agricultura para o consumo interno, mas também para a exportação”, afirmou.
Acrescentou que a gama de investimentos estende-se à agropecuária, às pescas, à indústria, no geral, e ao turismo, em que Angola tem um grande potencial turístico adormecido.
Nesta vertente, acrescentou, há a possibilidade de se investir em infra-estruturas, tendo em conta o turismo de praia ao longo da costa vasta, o de interior das reservas e parques naturais que o país possui.
João Lourenço destacou ainda o potencial que representa a zona do grande projecto transnacional Okavambo-Zambeze, que abrange várias províncias angolanas, bem como os países vizinhos Zâmbia, Namíbia, Botswana e Zimbabwe.