O primeiro secretário provincial da UNITA em Luanda, Adriano Sapiñala, lançou ontem, domingo, um apelo à mobilização popular com vista a retirar o MPLA do poder em 2027. Sapiñala falava no acto inaugural do comité municipal da UNITA na Ingombota, tendo na ocasião criticado a alegada repressão policial durante as manifestações de sábado último
“2027 é a meta. Temos que colocar o nosso presidente, Adalberto Costa Júnior, no Palácio da Cidade Alta”, declarou Adriano Sapiñala, sob aplausos de dezenas de apoiantes, a poucos metros da sede do poder político nacional. “O presidente do MPLA está cada vez mais isolado. Já não tem aceitação nem no partido dele, nem entre os angolanos”, disse o político.
O dirigente da UNITA em Luanda apontou o presidente João Lourenço como o principal responsável pelos problemas sociais e económicos do país, tendo afirmado que o Chefe de Estado “se refugiou atrás das forças de defesa e segurança” para conter a insatisfação popular. “O problema da Angola chama-se MPLA. O problema da Angola chama-se João Lourenço”, frisou.
Acusações de repressão
Sapiñala denunciou o alegado uso de força policial contra a manifestação que teve lugar no dia anterior, 12 de Julho, contra a subida do preço dos combustíveis e dos transportes públicos.
Apontou nomes de deputados da UNITA supostamente agredidos durante a marcha, como. “A juventude que ontem sangrou está aqui hoje. É essa a juventude de que precisamos para a revolução triunfar”, afirmou. Criticou também o uso ostensivo de forças de segurança: “Desde a baixa da Mutamba até ao ponto de concentração, estava tudo cheio de polícia. Até a Guarda Presidencial saiu”, ironizou.
“O tempo do MPLA… acabou!”
Num discurso marcado por palavras de ordem e apelos à resistência cívica, Sapiñala acusou o Executivo de promover a “má governação”, “corrupção” e de agravar o sofrimento do povo. “Tudo subiu.
O combustível subiu. O cimento subiu. Até a mandioca subiu”, afirmou, acrescentando que “desde que o Presidente João Lourenço chegou no poder, tudo só está a subir”. Continuou, dizendo que o Presidente da República “já não tem legitimidade” e que os tribunais angolanos “devem julgar os verdadeiros corruptos” – tendo na sequência referido de uma alegada perseguição política contra o líder do “galo negro”, Adalberto Costa Júnior. “O tempo do MPLA acabou”, concluiu.