O presidente do PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, defendeu ontem, nesta cidade, a implementação de medidas assertivas e concretas que visem atenuar as dificuldades socioeconómicas das populações da província de Cabinda, dada a sua condição de insularidade em relação ao resto do país
Falando à imprensa, depois de manter encontros de cortesia com a governadora de Cabinda, Suzana de Abreu, e com o bispo da Diocese local, Dom Belarmino Chissengueti, o líder do PRA-JA disse ser necessário adoptar “uma filosofia de luta” contra o isolamento de Cabinda, porque “esse isolamento geográfico faz com que o custo de vida aqui em Cabinda seja maior do que em algumas províncias do interior do país”.
“É preciso ter uma visão diferente de desenvolvimento especificamente direccionada para Cabinda. Tudo isso é discutível no âmbito da reforma constitucional”, defendeu Abel Chivukuvuku.
Para o presidente do PRA-JA, Angola é um país vasto e heterogéneo, pelo que a centralização excessiva do poder prejudica o desenvolvimento. “Tudo isso é discutível e não pode haver tabus.
É preciso conversarmos de forma aberta”, defendeu Abel Chivukuvuku, referindo ainda que a linha de pensamento para se mudar o actual quadro em relação à província de Cabinda está assente na discussão no âmbito de uma reforma constitucional.
“Para sermos um partido político, temos de ter uma visão diferente, um projecto diferente e, sobretudo, comportamentos diferentes”, afirmou Abel Chivukuvuku, referindo-se ao seu partido político, PRA-JA Servir Angola.
Abel Chivukuvuku foi questionado pelos jornalistas se pretende, no futuro, fazer alianças políticas com outros partidos no âmbito da realização das eleições gerais previstas para 2027 no país, pelo que, peremptório, respondeu: “Tudo tem de ser discutível e aberto. Não se fecha nada e, em cada momento, depois se define”.
O presidente do PRA-JA, que cumpre uma agenda de trabalho de cinco dias na província de Cabinda, manteve encontros de trabalho com a governadora provincial, o bispo da Diocese, autoridades tradicionais e de outras confissões religiosas, bem como subiu ao morro do Tchizo para receber a bênção tradicional dos Bakama, uma cerimónia reservada às entidades protocolares que visitam a província de Cabinda.
A agenda do político do PRAJA reserva, para hoje, terça-feira, um encontro com a sociedade civil, onde Abel Chivukuvuku vai transmitir as ideias do seu partido em relação à província de Cabinda, assim como se debruçar sobre os problemas sociais da população local, relacionados com o despedimento dos jovens locais pelas empresas petrolíferas e a entrada de outros que chegam de outras paragens.
Segundo Dudu Marques, do Gabinete de Comunicação e Marketing do PRA-JA em Cabinda, Chivukuvuku vai igualmente falar sobre o desemprego acentuado no seio da juventude, que encontra consolo nas casas de apostas desportivas, o dificílimo acesso ao crédito habitacional, principalmente por parte da população que não é militante do MPLA, bem como o saneamento básico e a questão das ravinas, que ameaçam “engolir” várias casas, cuja intervenção, através de políticas centrais, está longe de satisfazer as necessidades dos cidadãos.
A criminalidade associada à imigração excessiva de cidadãos estrangeiros, a intervenção excessiva de estrangeiros no tecido empresarial e comercial — que decidem o que o povo deve comer —, os altos preços da cesta básica, a questão da energia eléctrica e o abastecimento de água potável, bem como a limitação de vagas no ensino superior público e os altos preços nas universidades privadas, que provocam a estagnação de muitos jovens após a conclusão do ensino médio, são igualmente questões a serem abordadas no encontro.
Comité Político com 58 membros A primeira conferência provincial extraordinária do PRA-JA Servir Angola em Cabinda realizou-se na quinta-feira e contou com a presença de 140 conferencistas em representação dos dez municípios que compõem a província de Cabinda.
Presidida pelo secretário provincial, Abel Xavier Lubota, a conferência elegeu o seu Comité Político Provincial, composto por 58 (cinquenta e oito) membros, com uma votação na ordem dos 95 por cento.
Na reunião do Comité Político Provincial, que teve como agenda a aprovação do número fixo de membros do Secretariado Provincial da Comissão de Auditoria e Disciplina, bem como a eleição da referida comissão.
Depois de o presidente do acto ter dado as orientações necessárias e os esclarecimentos com base nos Estatutos e no Instrutivo da Conferência, os presentes elegeram José Damas e Abreu Alfredo Lumbo para os cargos máximos do Secretariado Provincial da Comissão de Auditoria e Disciplina, e João Baptista Marcos como secretário permanente do Comité Político Provincial.
A reunião, que também serviu para alinhar alguns temas sobre a actuação do PRA-JA em Cabinda, contou com a participação de dirigentes do órgão central e militantes de todos os municípios que actualmente compõem a província.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda