Há mome ntos na história em que o tempo se cansa de esperar pelos homens. África vive um desses momentos. Depois de séculos de adiamentos, o continente começa a despertar — não pela força de decretos ou discursos, mas pela consciência viva de uma geração que recusa o destino de ser nota de rodapé do mundo. Em Angola, este despertar é palpável. Nas ruas, nas universidades, nos musseques, nas redes digitais, sente-se o rumor de um País que procura alinhar o coração com o futuro.
Os jovens não esperam autorização: criam, experimentam, falham, recomeçam. São a nova vanguarda da esperança — uma esperança que deixou de ser palavra e se tornou energia produtiva. As civilizações não mudam por causa das máquinas, mas das histórias que contam sobre si mesmas.
O “porquê” da nossa geração é inequívoco: tornar o orgulho africano útil e transformador. Nesta Angola contemporânea, um caso de estudo da adaptação humana, onde o instinto de sobrevivência se converte em inteligência social.
E Robin Sharma completaria: “O verdadeiro poder é invisível — é a capacidade de inspirar sem dominar.” Como o Rio Kwanza, a juventude corre sem medo dos obstáculos. Pode ser desviada, represada ou atrasada — mas nunca estagnada. No fim, encontra sempre o seu caminho para o mar. O Rio Kwanza ensina-nos que nenhuma corrente de esperança se perde, apenas se transforma.
Como o Imbondeiro, símbolo de sabedoria e permanência, os jovens angolanos aprenderam a resistir às secas da desilusão e às tempestades da incerteza. São raízes fundas em solo firme — sabem que florescer cedo não é o mesmo que florescer certo.
A grandeza está em permanecer quando tudo o resto cai. Como a Cacimba, o progresso enche-se gota a gota. O trabalho, a fé, o estudo e a coragem acumulam-se silenciosamente até que um dia a história transborda. Nada muda de repente — muda porque alguém persistiu.
A geração de 2000 não quer ser governada — quer ser envolvida. Quer participar nas decisões, co-criar políticas, influenciar destinos. Não quer promessas, quer credibilidade.
E não quer ser o futuro — quer ser presente activo. O desafio do nosso tempo é substituir o poder hierárquico pela liderança partilhada. O governo deve tornar-se mentor. A política, plataforma.
O investimento, parceria. E o discurso público, fonte de inspiração real, não de adulação. Porque quando a juventude acredita, o País avança. E quando o País acredita na juventude, o continente desperta.
Durante décadas, ouvimos dizer que “África levanta-se”. Mas essa frase já é velha, África não se levanta — África já está de pé. O que falta é que o mundo olhe sem paternalismo e perceba que o centro da vitalidade humana mudou de coordenadas.
Hoje, o espírito da inovação, da cultura, da criatividade e da resistência mora aqui. Mora em Luanda, em Nairobi, em Dakar, em Kigali, em Maputo. Mora em cada jovem africano que transforma o seu telemóvel num estúdio, a sua voz numa ideia e a sua ideia numa empresa.
Angola pode — e deve — ser a vanguarda deste novo tempo. Um País que concilia tradição e modernidade, música e ciência, juventude e experiência. Um País que volta a acreditar em si, não por decreto, mas por consciência colectiva. E esse despertar começa por um gesto simples, mas revolucionário: confiar nas pessoas.
Confiar que, quando têm propósito, constroem o que antes parecia impossível. Confiar que o talento angolano, quando bem orientado, pode ser a força que redefine África no mapa do futuro.
“O futuro de Angola não será escrito por quem tem poder, mas por quem tem propósito.” Porque o verdadeiro acto de governação — e de humanidade — é acreditar no que ainda não existe e começar a construí-lo hoje.
Por: EDGAR LEANDRO








