O Executivo está comprometido em transformar Cabinda numa província essencial para a integração regional com vista à promoção do comércio, acesso aos serviços básicos e estímulo ao desenvolvimento
Para tal, no quadro do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023/2027, o governo pretende melhorar a rede de transportes na província, através do programa de desenvolvimento do sector de modo a transformar Cabinda numa região mais próspera e melhorar a sua conectividade com o resto do país e com o mundo.
“A melhoria de toda a rede de transportes em Cabinda é essencial para a integração regional, para a promoção do comércio e para o acesso aos serviços básicos”, defendeu nesta cidade o secretário do Estado para a Aviação Civil, Marítimo e Portuário, Rui Teles Carreira.
Segundo Rui Carreira, os incentivos e planos para o desenvolvimento do sector na província devem ter em conta as características geográficas de insularidade de Cabinda, uma situação que cria dificuldades de locomoção de pessoas e mercadorias. “Isto faz com que o Ministério dos Transportes carregue nos seus ombros uma enorme responsabilidade”, sustentou.
Transporte terrestre precisa de mais 50 autocarros
No sector terrestre, foram entregues um total de 60 autocarros ao governo provincial de Cabinda entre 2019 e 2024. Actualmente, o plano de necessidades da província, apresentado ao Ministério dos Transportes, refere que Cabinda precisa de 50 autocarros para atender à demanda e prevê construir três novos terminais de passageiros nas localidades de Cabassango, Pio e Malembo. Segundo dados avançados por Rui Carreira, estão catalogadas na província três empresas operadoras de transporte terrestre e nove operadores aderiram ao programa nacional de bilhética.
29 dos 42 autocarros operacionais funcionam já com o sistema de bilhética, bem como foram emitidos até Março do corrente ano mais de 12 mil passes regulares. De acordo com Rui Carreira, que falava em Cabinda sobre o plano estratégico do Ministério dos Transportes, o governo tem um projecto de aquisição de 500 autocarros no vos, dos quais 350 já se encontram em Luanda para servir todas as necessidades nacionais. Vamos trabalhar com o governo provincial de Cabinda para fazer a distribuição que se impõe.”
O secretário provincial dos Transportes e Mobilidade Urbana, António Custódio, disse que até 2012, Cabinda foi tida como a segunda maior província que implementou o sistema regular de transporte, depois de Luanda.
Com um número significativo de meios de transporte público, a província criou a circulação intermunicipal, urbana e intercomunal. “Na altura, tínhamos acima de 100 autocarros e criamos um sistema de basificar os referidos meios por municípios e por comunas para facilitar a interação entre eles.” Depois disso, referiu, o governo provincial decidiu alocar cinco autocarros para cada um dos quatro municípios que eram geridos por duas empresas em cada um deles para facilitar a locomoção das populações do meio rural.
Em termos de perspectivas, António Custódio adiantou que a sua secretaria já enviou ao Ministério dos Transportes um plano de necessidades de 50 autocarros para reforçar os meios existentes. Disse igualmente que, no plano dos projectos, há a necessidade de se criar, em coordenação com as administrações municipais, paragens de autocarros para dar maior conforto e acomodação aos passageiros.
De acordo com António Custódio, com a construção do Porto de Águas Profundas do Caio, a refinaria e o Novo Aeroporto Internacional de Cabinda, a mobilidade na província de Cabinda vai aumentar, já que esses empreendimentos estão localizados a mais de 30 quilómetros da cidade de Cabinda.
Transporte marítimo
As operações do transporte marítimo na província sob responsabilidade da Secil Marítima decorrem a bom ritmo, apesar de haver algumas dificuldades técnicas dos navios e ao mau estado do tempo (calemas).
Segundo o responsável da empresa em Cabinda, Artur de Carvalho, de 2022 a 2025 a Secil Marítima transportou 270 mil e 481 passageiros na rota Luanda-Cabinda e vice-versa e no tráfego Soyo-Cabinda e vice-versa.
No mesmo período, a empresa transportou 14 mil 382 toneladas de carga, realizou mil e 859 viagens, assim como transportou mil e 463 meios rolantes e 251 teus (contentores) de carga.
Neste momento, a Secil tem dificuldades para atender à demanda, uma vez que dos nove navios que possui, apenas dois estão em funcionamento, estando os demais paralisados por falta de peças de reposição.
Os dois catamarãs em funcionamento têm capacidade de transportar cerca de 290 passageiros, que cumprem uma sequência semanal de 5 viagens entre Cabinda e Soyo e vice-versa.
Neste momento, está paralisada a rota de Luanda-Cabinda por questões de segurança. “Outros navios estão em manutenção por problemas técnicos. Os problemas técnicos têm a ver com a aquisição do material (peças de reposição)”, disse Artur de Carvalho, acrescentando que neste momento a empresa tem sérias dificuldades de obter divisas para a aquisição das peças sobressalentes do exterior.
Na referida rota, a Secil Marítima conta igualmente com dois catamarãs, que albergam as classes executiva e económica, que estão em manutenção e à espera do material que em breve deverá chegar ao país. “Estes catamarãs transportam por volta de 265 passageiros.
Tão logo tenhamos o material todo e com estes navios em funcionamento, vamos aumentar a nossa capacidade de transportação”, sublinhou Artur de Carvalho. Em termos de meios, a Secil conta ainda com catamarãs com capacidade de transportar 25 toneladas de carga, um ferry bots para 60 passageiros e 185 toneladas de carga, bem como uma barcaça com capacidade de 400 toneladas que faz rota Luanda-Soyo-Cabinda e vice-versa.
Entretanto, a demanda é tanta que a Secil Marítima começa a ter dificuldades para satisfazer as necessidades do mercado. Por isso, segundo Artur de Carvalho, a ideia é ter dois navios, um sediado no Soyo e outro em Cabinda para fazerem viagens cruzadas durante o dia. “Teremos, assim, um navio que sai de Cabinda para o Soyo e o outro do Soyo para Cabinda, perfazendo duas viagens diárias na mesma rota”, garantiu.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda