O Presidente da República, João Lourenço, dirige hoje à Nação a tradicional mensagem sobre o Estado da Nação, na sessão solene de abertura do 4.º Ano Legislativo da 5ª Legislatura. O pronunciamento, aguardado com elevada expectativa, deverá traçar o balanço da governação, reafirmar as prioridades políticas e económicas do Executivo e projectar o rumo do país a menos de dois anos do fim do mandato. Juristas, analistas e académicos antecipam um discurso marcado pela avaliação do consulado e por leituras políticas sobre o actual momento nacional
Às vésperas da intervenção presidencial, o debate público divide-se entre a expectativa de um balanço realista e a crença de que o Chefe de Estado repetirá a fórmula dos discursos anteriores — marcada por números, promessas e apelos à confiança. Enquanto uns esperam sinais de viragem na política económica e social, outros acreditam que a mensagem servirá sobretudo para consolidar a narrativa de estabilidade e progresso defendida pelo Executivo.
É neste cruzamento de leituras que se inscrevem as análises dos especialistas ouvidos pelo jornal OPAÍS. Para o constitucionalista Albano Pedro, o discurso de João Lourenço deverá seguir a linha habitual de valorização dos êxitos do Executivo, mesmo diante das dificuldades socio-económicas ainda existentes.
“O Presidente tende a destacar indicadores estatisticamente positivos, mas que, na prática, pouco impactam a vida das populações”, afirma o jurista, que considera que a governação de 2024 foi “ensombrada pelo surto de cólera e pela estagnação económica”. Segundo Albano Pedro, o país “continua mergulhado numa crise financeira profunda”, agravada por uma “política cambial frágil” e por um “clima pouco atractivo ao investimento privado”. Apesar disso, este cidadão acredita que o discurso “vai insistir na narrativa do progresso e da estabilidade institucional”.