Mais de três mil participantes marcaram presença, ontem, na Baía de Luanda, para a abertura oficial da 17.ª Cimeira de Negócios EUA-África, que decorre de 22 a 25 de Junho, sob o lema “Caminhos para a prosperidade: uma visão partilhada para a parceria Estados Unidos – África”. Promovido pelo Corporate Council on Africa (CCA), o evento reúne líderes políticos, empresários e investidores dos Estados Unidos da América e do continente africano
Presidente da República e em exercício da União Africana, João Lourenço, a firmou , ontem, que o continente africano posiciona-se, actualmente, como um dos grandes motores de fomento do crescimento global, com uma população jovem, inovadora e activa, com recursos naturais abundantes e crescente integração dos seus mercados.
O Chefe de Estado angolano dis – cursou na qualidade de anfitrião da 17.ª Cimeira Empresarial Estados Unidos-África, que a capital angolana, Luanda, acolhe. O evento reúne mais de três mil delegados, entre Chefes de Estado, empresários, investidores e representantes de outras organizações, que vão abordar em painéis de alto nível, oportunidades de investimento.
No seu discurso para a abertura oficial do evento, João Lourenço sublinhou que a África apresentase como um espaço privilegiado de oportunidades de investimento e crescimento, e, considerou esta Cimeira Empresarial, como um espaço privilegiado para África e os Estados Unidos da América continuarem a edificar um paradigma económico baseado numa visão de parceria estratégica com vantagens recíprocas para o desenvolvimento das suas nações e povos, umbilicalmente ligados por um passado histórico comum.
Reformas económicas mais atractivas
O Presidente João Lourenço falou também das transformações económicas assistidas ao longo da última década, em várias regiões africanas, afirmando que têm sido implementadas reformas estruturais para tornar os países africanos mais atractivos ao investimento, com foco na transparência, na integração regional, na estabilidade macroeconómica e na diversificação das suas economias.
“O que está a acontecer em países como Angola, onde a economia voltou a crescer de forma consistente a uma taxa de 3,5% no primeiro trimestre deste ano, é reflexo de uma tendência mais ampla no continente, que se reflecte na afirmação da resiliência e dinamismo económico dos nossos países.
No entanto, para desbloquear plenamente o nosso potencial, devemos intensificar e acelerar ainda mais os processos em curso de integração económica continental”, disse.
Defendeu ainda a existência de corredores logísticos mais funcionais, regras comuns que facilitem a mobilidade de capitais, mercadorias e pessoas, e garantiu que o fortalecimento da Zona de Comércio Livre Continental Africana constitui uma prioridade estratégica e representa uma extraordinária oportunidade para a partilha de infra-estruturas, conhecimento, mercados e atracção de investimento.
Para torná-la uma realidade e garantir o desenvolvimento económico e social de África, fez saber que o continente vem lutando por conseguir junto das instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, de outras congêneres e da banca, condições mais justas e favoráveis de financiamento e crédito para o necessário investimento público em infra-estruturasrodoviárias, ferroviárias, portuárias, de energia e água, de tecnologias de informação e comunicações.
Potencial dos laços económicos África-EUA
João Lourenço referiu que este Fórum deve ser visto como uma peça importante nas relações económicas entre África e os Estados Unidos da América, afirmando que os laços económicos entre África e os Estados Unidos da América têm potencial para crescer de forma significativa.
Sublinhou que as oportunidades de investimento privado directo estão em áreas-chave que correspondem tanto às prioridades do continente como às vantagens comparativas das empresas norte-americanas, nas quais se destacam as energias renováveis, a agroindústria e segurança alimentar, perante uma disponibilidade de milhões de hectares de terras aráveis, abundância de recursos hídricos, bom clima, grande oferta de mão-de-obra jovem e uma necessidade crescente de modernização tecnológica e das tecnologias digitais, onde a inovação africana se cruza com a capacidade de investimento americana para criar soluções escaláveis.
“Destacamos também os minerais estratégicos, incluindo os minerais críticos para a transição energética global, cuja exploração responsável pode transformar as nossas economias e sociedades.
Neste capítulo, esperamos mais do que capital, contamos com parcerias que se enquadrem na soberania dos nossos países, que valorizem o conteúdo local, que promovam a transferência de conhecimento e que contribuam para a geração de empregos qualificados”, avançou, PR.
Na qualidade de líder da União Africana, garantiu que a África já não é apenas um continente de grande potencial de riqueza mineral, de recursos hídricos e florestais, de crescimento demográfico inigualável, é cada vez mais um continente de decisões transformadoras e projectos concretos.
Disse que o continente pretende e está a trabalhar para electrificar e, consequentemente, industrializar os seus países, acrescentando valor às suas matérias-primas, aumentando a oferta de postos de trabalho, para evitar o êxodo dos jovens africanos que constituem o seu maior activo.
“Do Norte ao Sul e do Atlântico ao Índico, multiplicam-se investimentos estruturantes que estão a moldar um novo panorama económico africano, desde o Corredor do Lobito, que vai ligar por linha férrea o porto do Lobito no oceano Atlântico, ao porto de Dar-Es-Salam no oceano Índico e promete transformar o comércio intra-africano e intercontinental, às zonas económicas especiais em expansão no continente, passando pelas iniciativas em curso para desenvolver cadeias de valor regionais em sectores como os minerais críticos, a agricultura e a energia, apenas para citar alguns”, disse.
Transformação digital
No que respeita à transformação digital em curso no continente africano, o Presidente João Lourenço destacou o surgimento diário de startups e plataformas tecnológicas, impulsionadas por uma juventude criativa e resiliente que encontra no digital uma via de inclusão, empreendedorismo e empregabilidade.
“Com mais de 70% da população africana abaixo dos 30 anos, não é exagerado dizer que o futuro da inovação global terá também a impressão africana, o que de alguma forma já vem acontecendo”, salientou.