Sem descorar de tantas outras realidades, ultimamente algumas pessoas causam impactos a nível mundial de tal maneira que estão no epi centro das atenções como estrelas incontestáveis. Michael Jackson, por exemplo, venceu 372 prêmios ao longo de sua carreira e é considerado o cantor que mais comercializou discos em toda a história. De facto, Michael Jackson foi desenvolvendo uma reputação de famoso excêntrico.
De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, Elon Reeve Musk em 2023, era o homem mais rico do mundo, com um património líquido estimado em 225 bilhões de dólares.Paulo Schiff em 23 de novembro de 2024, escreveu que Donald Trump é a pessoa mais poderosa do mundo. Sobre o tema, questionamos: Será que a fama é sinónimo de vi da bem sucedida? Será que o facto de se ser rico implica ter uma vida bem sucedida? Ter poder é a mesma coisa que ter vida bem sucedida? Ou seja, ter a fama do Michael, a riqueza de Musk ou o poder de Trump bastariam para se alcançar a auto-realização? Muitos ainda se lembram dos escândalos vividos por Michael fruto das várias acusações de abuso de menores e denúncias similares a que esteve envolvido.
Muitos fãs, conseguiram eclipsar a genialidade de sua obra por isso; Musk por sua vez, é criticado não só pelo o uso de drogas, mas também pelo facto de se envolver em polêmicas correlacionadas aos projectos falhos de implantes cerebrais para cegos. Cientistas e pesquisado res da área, levantam questões éticas e consideram a ideia de Musk, um tanto quanto perigosa para a nossa espécie. A megalomania de Trump em querer anexar a Gronelândia, dá-nos uma ideia do nível espiritual e de possessividade a que o maior líder mundial se encontra.
Afirma ele, em canais televisivos como a CNN o seguinte: “precisa mosdela para a segurança económica”. Porém, sabe muito bem que se trata de um território autónomo da Dinamarca que ocupa uma posição geopolítica única. Mas afinal de contas, o que será de facto, uma vida bem sucedida? Quando perguntas do género fossem feitas a maior parte das pessoas, quase que automaticamente as sociava a resposta as seguintes frases: “- É ter dinheiro”; “- É ter um bom carro.”; “- É ter uma bela casa, etc, etc…” Estas respostas parecem-nos uma espécie de condenação à exclusão social, uma vez que unanimemente cremos piamente, que no conceito de vida bem-sucedida, nunca estiveram presentes os imperativos supracitados. Não estando satisfeitos com as respostas que muitas vezes a sociedade e mídia na sua ingenuidade tentam nos passar, recorremos ao estudo cronológico e científico para que fosse aprofundado e melhor reflectido o tema.
Os pensadores da tradição ocidental, passavam a ideia de que uma vida bem-sucedida, esteva associada a um ideal de plenitude. Para Aristóteles, essa plenitude era expressa pela palavra EUDAIMO NIA, muitas vezes traduzida como “felicidade”, mas cujo significa do mais preciso é “florescimento” ou “realização”. Aristóteles acre dita que uma vida bem-sucedida é aquela em que se vive de acordo com a razão, praticando as virtudes e encontrando um meio-termo entre os excessos. A excelência moral é inseparável da excelência racional: “viver bem é viver de forma justa, equilibrada e consciente”.
Dizia Aristóteles. O estoicismo, que teve em Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio alguns de seus grandes representantes, radicalizou a ideia de que uma vida boa é aquela que depende de nós. Para os estoicos, o sucesso ver dadeiro não está no que acontece, mas em como se reage aos acontecimentos. “Uma vida bem-sucedida é aquela que se mantém serena diante das perdas, dos azares da fortuna e da finitude inevitável”. Diziam os estoicos. O cristianismo por sua vez, acre dita que a verdadeira vida bem-sucedida, é a vivida em obediência a Deus, com vistas à salvação eterna.
O sofrimento terreno, longe de ser um obstáculo à felicidade, pode ser um caminho para ela. Aqui, o sucesso deixa de ser medido por realizações no mundo e passa a ser avaliado à luz de uma promessa escatológica. A modernidade, a partir do Re nascimento e especialmente com a emergência do individualismo burguês nos séculos XVIII e XIX, recoloca o sucesso terreno no centro do debate. Autores como Locke, Rousseau e Kant pensam a vida boa em termos de autonomia, liberdade e responsabilidade.
O ser humano é visto como capaz de construir o próprio destino, e nisso está o seu valor e sua dignidade. Para Bill Gates, uma vida bem sucedida é mais do que sucesso financeiro; é ter um propósito claro, como a filantropia, e o foco em resolver problemas globais, como as desigualdades sociais e as mudanças climáticas. Ele enfatiza a importância de ter objetivos bem definidos, aprender continuamente, ser paciente, saber delegar e, sobretudo, focar-se em ajudar pessoas e causar um impacto positivo no mundo. Segundo Warren Buffett O sucesso não deve ser calculado pela fortuna acumulada.
É preciso ser amável para recebê-lo. Quanto mais se oferece carinho, empatia e respeito, mais esses sentimentos retornam e formam conexões genuínas. O sucesso de uma pessoa não deve ser calculado pela fortuna acumulada nem pelas conquistas profissionais, mas sim pela quantidade de pessoas que verdadeiramente a amam, é nisso que o bilionário Warren Buffett acredita. Segundo ele, essa é a única métrica que importa ao final da vida. Buffet afirma que conhece pessoas ricas e celebradas publicamente que, no fundo, não são admira das por ninguém. A visão bilionário é de que uma vida sem afeto e sem vínculos reais pode ser considerada um fracasso, independente mente do patrimônio. Para ele, o amor não pode ser comprado. É preciso ser amável para recebê-lo. Quanto mais se oferece carinho, empatia e respeito, mais esses sentimentos retornam, formando conexões genuínas que marcam positivamente a trajetória de qualquer um.
O que dizer do dinheiro em relação ao nosso tema? fetichismo do dinheiro É nessa longa tradição que Luc Ferry intervém. Para ele, o drama de nosso tempo é que a noção de sucesso foi colonizada por critérios quantitativos, sobretudo financeiros. Ter uma vida bem-sucedida virou sinônimo de ganhar muito dinheiro, ser reconhecido publica mente e ostentar sinais visíveis de status, como viagens, imóveis, seguidores e fama. O ideal de Eudaimonia, com sua densidade moral e existencial, foi reduzido a um número na conta bancária. Não se2 trata de demonizar o dinheiro. Como reconhece o próprio Ferry, o dinheiro é importante. Ele permite liberdade de escolha, segurança, acesso à cultura, saúde e tempo.
No entanto, há um ponto crucial: o dinheiro não é um fim em si, mas um meio. Quando se trans forma em fetiche, como alertava Marx, ele deixa de servir ao humano e passa a governá-lo.
As pessoas não vivem mais para realizar seus desejos legítimos, mas para exibir um padrão de sucesso que muitas vezes é vazio, extenuante e inatingível. Essa inversão, do valor ao preço, do ser ao parecer, gera um efeito devastador: a comparação constante.
Nas redes sociais, somos convida dos a comparar nossos bastidores com os palcos alheios. E como a lógica do sucesso virou uma corrida sem linha de chegada, a frustração se torna crônica. Mesmo quem “chega lá” descobre que “lá” é apenas um novo ponto de partida, onde é preciso continuar lutando para manter-se visível, relevante e ad mirado. A questão do dinheiro.
Ele é, sem dúvida, parte importante da equação, mas está longe de ser o único ou o mais relevante fator. Uma vi da miserável em recursos pode ser igualmente miserável em sentido. Mas uma vida rica em recursos e pobre em vínculos, propósitos ou integridade será sempre uma vi da deficiente. O dinheiro, como o tempo, precisa ser investido em al go que o transcenda. Ele é instrumento, não direção. O desafio, como observa Ferry, é escapar de dois extremos. O primeiro é o ascetismo ingênuo, que despreza o dinheiro como se ele fosse sempre corruptor.
O segundo é o hedonismo consumista, que o idolatra como se fosse suficiente para nos realizar. O caminho do meio, aqui, é compreender que o dinheiro pode comprar conforto, mas não paz interior. Pode proporcionar liberdade, mas não necessariamente sabedoria. Pode financiar prazeres, mas não garantir sentido. Uma redefinição necessária Essa redefinição do sucesso exige uma ética do sentido, não da performance.
Como na tradição existencialista, especialmente em Sartre e Camus, trata-se de assumir que a vida não tem sentido prévio, mas pode ganhar sentido por meio do engajamento autêntico com aquilo que nos toca. Uma vi da bem-sucedida é aquela em que a pessoa sabe por que levanta da cama, mesmo nos dias difíceis. O amor, aqui, não é sentimentalismo.
É compromisso com o outro, com a comunidade, com os valores que transcendem o interesse individual. É também o amor ao saber, à beleza, à natureza. Como dizia Montaigne, outro filósofo francês de espírito livre, a mais universal qualidade é a adequação, viver conforme à própria medida. Essa é a marca de uma vida bem-sucedida.
O sucesso como fidelidade a si mesmo Ser bem-sucedido, em última instância, é viver em consonância com aquilo que se reconhe2ce como valioso. É ter clareza sobre o que importa, e coragem para vi ver de acordo com isso. A vida boa não é a vida perfeita, mas a vida coerente.
Aquela em que os erros foram aprendizados, os afetos foram cultivados e a passagem pelo mundo deixou alguma luz. Como Luc Ferry gosta de lembrar, não somos imortais. Saber disso é o que torna cada escolha significativa. O tempo é finito, e a vida bem sucedida é aquela que faz jus a esse tempo. Amar, pensar, criar e com partilhar, nisso está a verdadeira medida do sucesso.
A definição do termo vida boa talvez seja uma questão de analisarmos nossos interesses de modo crítico, os interesses que deveríamos possuir, aqueles que realmente agregarão valor à nossa curta existência. Determinar o que seja uma vida bem-sucedida é uma questão de julgamento pessoal e, ao mesmo tempo, de conflito, pois o viver é casual, comissivo, retornável, degenerativo e, por fim, fatal.
Penso que a busca por uma vida bem-sucedida passa, necessariamente, pela busca de uma vida boa não só para mim, mas também para a sociedade a qual pertenço, pois uma vida boa pressupõe que as pessoas possam viver de acordo com as necessidades inerentes à dignidade humana – trabalho, renda, educação, etc… Portanto, nesta busca, só será possível a plena realização do objetivo final se, durante esta jornada, nos seja possível tornar a vi da dos outros também melhor. As sim, a vida bem-sucedida é lançar os olhos sobre si mesmo e sobre os outros, é viver o singular pensando no plural, é ter e dividir, é conquistar e compartilhar.
Por: VICTOR CORLEONE & SABITI FÉLIX