Os actos de vandalismo ocorridos em Luanda e noutras províncias, nos dias 28, 29 e 30 de Julho de 2025, representam um dos momentos mais dolorosos e desafiantes da nossa história recente. Não foram apenas muros, viaturas ou estabelecimentos que sofreram danos. Foi o sentimento de segurança de muitos angolanos que se viu abalado, a tranquilidade de lares que se fragmentou e a confiança comunitária que se viu ameaçada. As imagens de destruição correram o país e mostraram-nos que, por detrás da violência, há sempre interesses obscuros.
Estes acontecimentos não nasceram do acaso. Grupos organizados, alheios ao espírito pacífico e trabalhador do nosso povo, tentaram semear o caos e travar um progresso que tem sido construído com esforço, diálogo e persistência. Felizmente, a resposta do Estado não tardou.
O Executivo, liderado pelo Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, agiu com firmeza e sensibilidade. A decisão de alocar 50 mil milhões de kwanzas para apoiar empresários afectados não é apenas uma medida económica; é uma acção de protecção social.
Afinal, por detrás de cada empresa há trabalhadores, famílias e comunidades que dependem do seu funcionamento. Sem esta intervenção, a destruição económica poderia prolongar o sofrimento e gerar consequências sociais imprevisíveis.
Ao apoiar o sector privado, o Governo não está apenas a recuperar negócios, mas a defender empregos, a proteger rendimentos e a preservar a dignidade de milhares de famílias.
É um sinal claro de que reconhece o papel estratégico do empresariado nacional como parceiro no desenvolvimento económico e social. Mas esta crise não pode ser analisada de forma isolada.
Num mundo globalizado, crises económicas, conflitos armados e mudanças climáticas têm impacto directo no custo de vida e na estabilidade social. A escalada dos preços é um fenómeno global, e Angola não está imune.
A diferença está na forma como respondemos a esses desafios. E, historicamente, o povo angolano já demonstrou uma resiliência admirável. Nesse sentido, importa também destacar avanços no diálogo político nacional.
O recente consenso em torno do Pacote Legislativo Eleitoral, aprovado na especialidade e prestes a ser votado no Plenário da Assembleia Nacional, mostra que, apesar das diferenças, é possível trabalhar em conjunto pelo futuro do país.
É esse espírito de convergência que precisamos de multiplicar. Outro elemento crucial nesta resposta é a actuação das forças de ordem na identificação de indivíduos que, escondidos no espaço digital, procuram instigar o caos.
A internet é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento, mas não pode servir de escudo para a impunidade. A lei deve vigorar tanto no mundo físico quanto no virtual. O desafio que se coloca agora é transformar esta crise numa oportunidade.
É preciso reforçar a coesão social, melhorar a comunicação com os cidadãos e fortalecer os mecanismos de prevenção e resposta. O vandalismo combatese com diálogo construtivo, políticas públicas eficazes e um compromisso colectivo com a justiça social e a segurança de todos. Mais do que nunca, é hora de Angola reafirmar que não deixará nenhum cidadão para trás.
Que a nossa resposta à destruição seja a união. E que, no lugar dos escombros, possamos erguer não apenas paredes, mas pontes, entre comunidades, instituições e diferentes sensibilidades políticas e social, para um futuro mais justo, seguro e inclusivo.
POR: VIGÍLIO TYOVA
* Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Ambiente da Assembleia Nacional