O associativismo, tantas vezes visto como um gesto discreto, é, afinal, a argamassa que sustenta comunidades inteiras. É nele que se encontram as vozes dispersas, é nele que se ergue a ponte entre a memória e o futuro.
E na Quiçama, essa terra que guarda em si histórias de resistência e de iden tidade, surge um novo capítulo: a UNAKISSAMA – União dos Natu rais e Amigos da Kissama.
Mais do que uma sigla, esta associação representa uma bússola colectiva. O seu Estatuto nasce à luz da Lei n.º 14/91, de 11 de Maio, que regula a vida associativa em Angola, mas vai além das letras secas da legislação. A UNAKISSAMA é um chamamento, um convite a todos os filhos da terra e amigos da região para que se revejam no espelho desta união. Afinal, é aqui que cada um encontra a sua voz, é aqui que o “eu” se transforma em “nós”.
Num contexto em que a Província do Icolo e Bengo conheceu recente reconfiguração político-administrativa, a associação ajusta-se às novas fronteiras, sem perder a essência: promover o desenvolvi mento social, cultural e comunitário. A lei dá-lhe forma, mas é a al ma dos seus membros que lhe dará vida. A UNAKISSAMA define como metas principais a promoção de iniciativas educativas e culturais, a valorização das tradições, a preservação da identidade histórica e o fomento de parcerias sustentáveis. É, em suma, um palco onde se cruzam o passado, o presente e a esperança de um futuro mais coeso.
Como em qualquer corpo vivo, a associação respira através dos seus órgãos sociais: a Assembleia Geral, a Direção e o Conselho Fiscal. Cada mandato é limitado no tempo — quatro anos, renováveis ape nas uma vez —, para que a liderança não se confunda com propriedade e a renovação democrática seja regra e não excepção.
Assim, com as rédeas firmes na legalidade e os olhos postos na solidariedade, a UNAKISSAMA afirma-se como farol. Não é apenas mais uma associação: é um ponto de encontro, um regresso às raízes, um gesto de cidadania activa. Por que, como reza a sabedoria popular, “quem caminha sozinho pode até ir mais rápido, mas quem ca minha acompanhado vai sempre mais longe”.
Por: LUÍS DOMINGOS