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Um dia despreparado

Jornal Opais por Jornal Opais
13 de Abril, 2023
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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António Zacarias não poupava esforço quando o dia o chamava com elevado afinco, como homem dedicado, vivia dizendo “Com o trabalho não se brinca, tampouco com as coisas que dele podem advir”.

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De segunda a sexta, com sua bota preta, sola já há muito agastada, farda acastanhada da empresa Só Leva & Filhos, óculos escuros, corpo de arrebatar apetências, 1.97 de altura, no entanto era só mesmo o faz-me-rir (entenda-se dinheiro) que vivia fugindo dele feito rato do gato.

Em tempos desejosos, a empresa havia assinado um contrato com um banco privado e na escolha do pessoal para assegurar a instituição e garantir o faz-me-rir, estava lá o grande António Zacarias e outros colegas a fazerem diárias e noturnas.

Todos eles pareciam alegres, pois, olhando pelo contrato, era expectável o aumento salarial.

Para o azar do homem, naquele primeiro dia de trabalho, segunda-feira, doze e quarenta e cinco minutos, o banco foi tomado de assalto por cinco meliantes astutamente impiedosos, metidos em motorizadas muito bem preparadas, vestidos de azul-escuro, máscaras de cores peculiares, pareciam naturais e com as faces de gente pertencente a altas entidades mundiais e alguns artistas nacionais, cujas músicas estavam demasiadamente na boca do povo, era sobretudo para causar ilusão de percepção e dificultar as buscas pelos agentes afins.

Foi realmente um dia despreparado, Zacarias foi engolido pela tristeza, ira e desconfiança, sua cabeça martelava, na medida que produzia o senso de culpa, pesavalhe demais por ser o responsável do turno, e a cada minuto estava ele a entrar e sair no mundo da senso-percepção e da imaginação.

Não tardou começou o inquérito, todos foram chamados a depor, grande parte dos trabalhadores, como era de se esperar, eximiram-se da responsabilidade, falaram do perigo que suas vidas corriam, por trabalharem no banco e serem alvos de muitos olhares.

Enquanto os colegas afirmavam e negavam os factos por conveniência Zacarias permanecia no seu canto, a sofrer de tanta culpa, enquanto esperava culpava-se por tudo e por nada, quando foi chamado, na sua mais notável postura, não poupou o senso de dever, fez o contexto valer a pena, fazendo assunção do que não fez e do que poderiam ter feito como um grupo de trabalho.

Estavam naquele quartito dois investigadores criminalistas e António Zacarias, que nada mais do que a verdade soube dizer, todavia eles não tinham escapatória, os senhores questionavam-se pelo facto de ser a primeira vez a sofrerem assaltado e coincidir com a vinda do novo pessoal de segurança.

A grande verdade é que Zacarias não tinha mesmo nada a ver com aquilo tudo, e por outra, azar quando quer te escolher, chega a te escolher mesmo, não avisa, não hesita, tal como os dias de bonança, quando chegam ninguém adia, ninguém anula, porque até as artimanhas que te serão criadas, por mais estranho que pareça, te vão mesmo ajudar a usufruí-los.

Zacarias tremia que perdesse o emprego que levou grande parte da sua vida para encontrá-lo, mesmo com salário de evitar o estado de miséria e acarinhar a pobreza.

Este facto não se entende, de haver pessoas a protegerem somas avultadas de dinheiro e a ganharem tão mal, tão mal mesmo. Afinal, não são elas que cuidam?

Que condicionam a vida bela de outras pessoas?

Mas a vida, essa senhora de face múltipla, tem suas artimanhas e os homens piores ainda, quando lhes convém sabem dar mais do que o básico aos que pouco fazem, e para os outros, os que fazem tanto, quase nada do tanto que fazem recebem, e não é que toda pobreza aceita tudo, é que há dois tipos de pobreza que quando te abraçam, a espiritual e a intelectual, as outras correm atrás de ti como se fossem abelhas a proteger a colmeia.

Preso no mundo de sentimentos contrários, veio-lhe a memória palavras do seu chará, pai do seu pai, já falecido, dizendo-lhe “a dor precisa ser sentida”, tinha apenas 12 anos quando ouviu essa sentença, ele viveu a vida questionandose por isso, tentando dar-se face a face com a compreensão, no entanto naquele dia ao olhar para os colegas, ressentindo tudo, percebeu realmente o que o avô o queria dizer, que a dor precisa ser demonstrada, vivida, porque através podemos colher muitas coisas e não basta a nossa, a dor dos outros também importa e deve ser sentida, contudo se só sentirmos dor, se não conseguirmos reter alguma coisa, então ela é indigna, não merece ser sentida.

Mais tarde, já na boca da noite, foram todos chamados e os investigadores chegaram à conclusão de que o chefe de turno em nada tinha a ver com o assalto, embora estivesse sob observação, os outros colegas, pelo modo que usavam a língua para esquivar-se da culpa estrategicamente, tinham que ficar para dizer mais coisas, enfim, o dia, que era desejável para todos, tornou-se indesejável, com fortes sentidos de desespero, mais tarde, com esperança, pelo facto de Zacarias voltar para casa ainda empregado.

 

Por: FERNANDO ADELINO

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