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Trump e África: Diplomacia ou disfarce de interesses?

Jornal OPaís por Jornal OPaís
18 de Julho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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Apreendidas nove armas de fogo e detidos mais de cem suspeitos

No dia 10 de Julho de 2025, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, organizou em Washington um encontro altamente simbólico com cinco líderes africanos: os presidentes do Senegal, Guiné‑Bissau, Libéria, Mauritânia e Gabão.

À primeira vista, a iniciativa foi apresentada como um sinal de abertura e interesse renovado pela cooperação com o continente africano. No entanto, por trás do cenário diplomático, esconde-se uma realidade mais complexa — uma combinação de pragmatismo estratégico, interesses comerciais e tentativas de projecção de poder num tabuleiro internacional cada vez mais disputado.

Ao contrário das cimeiras tradicionais marcadas por discursos de parceria e promessas de ajuda, esta reunião teve um cunho nitidamente transaccional: comércio em vez de caridade, investimentos em vez de cooperação.

Trump prometeu acesso preferencial ao mercado americano e isenção de tarifas para certos produtos oriundos desses países, com foco nos minerais críticos — como manganês, bauxita, zircónio e fosfato — essenciais para as cadeias de valor globais e a transição energética. Estes gestos não são gratuitos.

Representam uma tentativa clara de competir com a China, que já domina vastas concessões mineiras e de infra-estrutura em boa parte da África Ocidental. Trump quer garantir que os Estados Unidos não fiquem à margem de uma nova corrida global por recursos estratégicos. A África, mais uma vez, torna-se palco de disputa entre potências, sem que os seus próprios interesses estejam verdadeiramente no centro das decisões.

Um dos temas mais controversos da reunião foi a proposta americana de transformar alguns destes países africanos em “portos seguros” para migrantes deportados dos EUA — incluindo cidadãos não africanos, como venezuelanos.

Segundo relatos credíveis, o governo norte-americano propôs que a Guiné-Bissau e a Libéria recebessem migrantes em troca de pacotes de ajuda e investimentos.

Embora alguns líderes tenham negado qualquer compro‑ misso concreto, o simples facto de esse assunto ter sido colocado sobre a mesa revela o teor utilitário da abordagem americana.

Esta prática, já adoptada com países da América Central, representa uma espécie de “exportação” do problema migratório, onde a África é chamada a resolver dilemas humanitários de terceiros, mediante promessas frágeis de compensação.

O tom do encontro oscilou entre a celebração diplomática e mo‑ mentos embaraçosos. Trump, por exemplo, elogiou o inglês do presidente da Libéria — esque‑ cendo que o país tem o inglês co‑ mo língua oficial há quase dois séculos.

Estes episódios, aparentemente banais, revelam um paternalismo persistente que mina a retórica de respeito mútuo. Não é coincidência que nenhum dos líderes convidados pertença a países com peso político continental ou economias robustas.

A escolha sugere um cálculo estratégico: Trump preferiu dialogar com nações menos influentes, onde concessões políticas e económicas podem ser obtidas com mais facilidade.

Este episódio levanta questões urgentes para os países africanos: até que ponto estão dispostos a aceitar parcerias assimétricas? Qual o preço real da ajuda estrangeira disfarçada de investimento? Como garantir que a cooperação internacional respeite a dignidade, a soberania e os interesses a longo prazo dos povos africanos? O encontro de Washington é um alerta.

Ele mostra que, embora a África esteja novamente no radar das grandes potências, isso não significa que os africanos sejam os protagonistas. Para evitar repetir os erros do passado, os líderes do continente precisam agir com unidade, consciência geopolítica e visão estratégica.

O encontro entre Trump e os cinco presidentes africanos foi menos um gesto de aproximação genuína e mais um movimento táctico na disputa global porre-cursos e influência. Em tempos de transição geopolítica, a África deve ser mais do que um palco — deve ser autora do seu próprio guião.

Por: ALEXANDRE CHIVALE

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