Todos temos um Compromisso com a vida e a dignidade. Angola, como em muitos países em desenvolvimento, o trabalho continua a ser uma das principais fontes de sustento e dignidade para milhões de famílias.
No entanto, à medida que a sociedade evolui e os sectores produtivos se modernizam, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de garantir que o ambiente de trabalho também seja sinónimo de saúde, segurança e bem-estar.
O direito à saúde no trabalho está consagrado na Lei Geral do Trabalho de Angola (Lei n.º 7/15), que impõe ao empregador o dever de proporcionar condições dignas e seguras aos seus trabalhadores.
Ainda assim, muitos angolanos enfrentam jornadas exaustivas, falta de equipamentos de protecção individual (EPIs), exposição a riscos físicos e psicológicos, e ausência de apoio médico e psicológico dentro das instituições dos diversos sectores. A implicância da saúde no trabalho vai além da prevenção de doenças.
Ela reflectese na produtividade das empresas, na qualidade de vida dos trabalhadores e até na economia do país. Ambientes laborais insalubres, jornadas excessivas e a ausência de acompanhamento médico ocupacional têm levado ao aumento de casos de esgotamento, lesões musculares e doenças mentais como a ansiedade e a depressão.
De acordo com especialistas, um trabalhador doente é um trabalhador menos produtivo, mais ausente e mais propenso a acidentes. E, muitas vezes, o sofrimento físico ou emocional não é reconhecido nem tratado de forma adequada pelos empregadores.
O resultado é o agravamento da condição de saúde e, consequentemente, um impacto directo no rendimento da empresa e nos cofres públicos. Apesar dos desafios, algumas instituições em Angola têm mostrado avanços, apostando em programas de saúde ocupacional, oferecendo apoio psicológico e criando ambientes mais humanos e seguros.
No entanto, essas ainda são excepções. É urgente que haja mais fiscalização, mais formação em segurança no trabalho e mais consciência por parte dos gestores. Cuidar da saúde no trabalho não é um gasto — é um investimento no desenvolvimento do país.
Afinal, um trabalhador saudável é um trabalhador mais feliz, mais produtivo e mais comprometido. É comum e vergonhoso ver trabalhadores da construção civil, da agricultura, do comércio informal e até mesmo do sector público, lidando com condições precárias que colocam em risco a sua saúde física e mental.
Além dos acidentes de trabalho, cada vez mais frequentes, crescem também os casos de estresse, ansiedade, esgotamento profissional e outras doenças relacionadas ao trabalho, como as lesões musculares e problemas respiratórios, principalmente em ambientes fechados.
Cuidar da saúde do trabalhador é visto como uma questão de justiça social. Empresas e instituições devem investir em saúde ocupacional, realizar exames médicos periódicos, promover acções educativas e garantir um ambiente livre de assédio e discriminação. Ao mesmo tempo, o trabalhador angolano precisa estar consciente dos seus direitos e deveres, buscando sempre a prevenção e o diálogo com os empregadores.
A inspecção-geral do trabalho, os sindicatos e as organizações da sociedade civil têm um papel crucial neste processo. Precisamos de mais fiscalização, mais formação técnica e humana para gestores e trabalhadores, e mais investimento em políticas públicas que valorizem o ser humano antes da produtividade.
É importante destacar que o ambiente laboral exerce forte influência sobre a saúde dos trabalhadores. Locais mal ventilados, falta de equipamentos de protecção, jornadas exaustivas e ausência de apoio psicológico são factores que favorecem o aparecimento de doenças profissionais.
Isso leva à diminuição da produtividade, ao aumento do absentismo e à rotatividade de pessoal, afectando negativamente o desempenho das instituições. O sofrimento mental no trabalho é uma realidade crescente em Angola.
A pressão excessiva, o assédio moral e a falta de valorização contribuem para o surgimento de transtornos como o burnout e a depressão. Apesar disso, muitas vezes esses quadros são invisibilizados, agravando ainda mais o problema e tornando urgente a implementação de políticas voltadas à saúde mental no ambiente profissional.
Por outro lado, é necessário reconhecer que algumas empresas angolanas vêm adoptando boas práticas, como programas de saúde ocupacional e campanhas de sensibilização.
Tais acções demonstram que é possível promover um ambiente laboral saudável sem comprometer os objectivos produtivos. Pelo contrário, trabalhadores valorizados e saudáveis tendem a apresentar melhor desempenho.
Portanto, a implicância da saúde no trabalho é profunda e deve ser tratada com seriedade. Cabe ao Estado intensificar a fiscalização e apoiar campanhas educativas, enquanto as empresas precisam assumir sua responsabilidade na promoção do bem-estar dos seus colaboradores. Somente assim Angola poderá construir um mercado de trabalho mais justo, humano e sustentável.
A construção de um país mais justo, saudável e produtivo começa dentro dos locais de trabalho. Trabalhar com saúde é um direito, não um privilégio. E respeitar esse direito é valorizar a vida e o futuro de Angola.
Por: YONA SOARES
Advogada e Gestora de Recursos Humano