Há dias em que percebemos que algo terminou. Não com barulho, não com drama, não com explicações longas. Terminou com silêncio. O silêncio que vem depois de um ciclo fechado.
O silêncio que chega depois de dizermos o que precisava de ser dito. O silêncio que aparece quando já não há mais nada para provar, justificar ou sustentar. Esse silêncio assusta muita gente. Porque fomos ensinados a associar silêncio a vazio, a perda, a fracasso.
Mas, muitas vezes, ele é apenas sinal de maturidade emocional. É o som de algo que cumpriu o seu propósito e agora pode descansar. Recomeçar não é começar do zero. Isso é uma ideia romântica que nos vende força onde, na verdade, é preciso verdade.
Recomeçar é continuar, mas com mais consciência. Com menos ilusão. Com menos pressa de agradar. Com menos peso nas costas. Durante muito tempo achei que recomeçar exigia coragem no sentido mais duro da palavra.
Aquela coragem de aguentar tudo, de não cair, de não parar. Hoje sei que recomeçar é, muitas vezes, um acto de permissão. Permitir-nos sentir o que foi reprimido. Permitir-nos parar sem culpa. Permitir-nos seguir sem carregar histórias que já não nos pertencem. Há recomeços que não pedem aplauso. Pedem honestidade. Pedem recolhimento.
Pedem aquela conversa silenciosa connosco próprios onde finalmente dizemos: “Chega. Assim já não dá.” E está tudo bem. Nem todo recomeço precisa ser anunciado.
Alguns acontecem por dentro, de forma discreta, mas profunda. São esses que mudam a forma como nos posicionamos na vida, nas relações, nas escolhas. Talvez seja por isso que tantas pessoas se conectam com histórias de recomeço.
Porque, no fundo, quase todos estamos a tentar continuar sem nos perder de nós mesmos. A tentar viver com mais verdade do que performance. Com mais presença do que aparência.
Cada partilha matinal nasce desse lugar. Não do lugar de quem tem tudo resolvido, mas do lugar de quem decidiu olhar para dentro e seguir com mais consciência. E talvez seja por isso que algumas palavras ficam.
Porque não empurram, não forçam, apenas acompanham. Se hoje sente que algo terminou em silêncio dentro de si, talvez não seja um fim. Talvez seja apenas espaço a abrirse. Espaço para um recomeço mais alinhado, mais honesto, mais seu. Que Deus abençoe a sua jornada e lhe dê a força necessária para seguir com leveza e verdade.
Por: LÍDIO CÂNDIDO “VALDY”
N’gassakidila









