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Realidade lexical das zungueiras: análises morfossemântica e etimológica

Jornal Opais por Jornal Opais
14 de Fevereiro, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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Antes de adentrarmos na peculiaridade da nossa abordagem, visamos como objectivo reuniar e apresentar os valores semânticos dos vocábulos, como corpus, usados pelas zungueiras nas suas práticas diárias, seus campos de entrada, sinónimos, bem como o enquadramento dos mesmos nas suas devidas classes gramaticais.

Como intróito da nossa exposição, urge ter em conta que o léxico de uma língua remete para o conjunto de todas as unidades lexicais que dela fazem parte todos os locutores.

Neste âmbito, pretendemos abordar, de modo peculiar, o léxico como vocábulos que passaram, entre as zungueiras, aquando das suas actividades de venda diárias, a constituir unidades dos seus discursos.

Para melhor consolidação, trazemos à tona os seguintes vocábulos transportados, de forma aportuguesada, para a prática da zunga: ainda, só, pai, tio, tia, destrocar, quilápi, zungar, quixiquila, mãe da quixiquila, curibota, maca.

Apoiando-nos em Vilela (1994: 9), para a devida explanação dos vocábulos apresentados anteriormente, percebemos que o léxico inerente a esta actividade de venda ambulante passa a ser entendido como que um “dicionário ideal” dessa mesma realidade, pois vai apresentando essas unidades lexicais em todos os seus aspectos, podendo incluir a Etimologia, Morfologia, Fonologia, Sintaxe e a Semântica.

Deste modo, entre as zungueiras, vemos que o léxico em referência não é considerado como um simples aglomerado de vocábulos utilizados por elas, mas, sim, um sistema formado de unidades significativas, generalizando-se de uma forma mais ou menos rápida nas suas práticas do quotidiano.

Por outro lado, nos seus campos de entradas, áreas abrangentes da Linguística, os vocábulos são incorporados ou desenvolvidos na língua como neologismo lexical e semântico.

Para tanto, constatámos que estas unidades lexicais, relacionadas à realidade das zungueiras, são organizadas em campos lexicossemânticos, dos quais o processo da reutilização de palavras existentes, onde se lhes atribui novos significados, e a criação de novas unidades lexicais significativas. Quanto à classe gramatical, existem, em Língua Portuguesa, dez classes de palavras e cada uma delas tem características próprias.

No entanto, são elas: Artigo, Adjetivo, Advérbio, Conjunção, Interjeição, Numeral, Preposição, Pronome, Substantivo e Verb Acrescentando, segundo Bahia (2016:40), podemos comparar a classificação das palavras com a organização dos livros em uma biblioteca. Os livros são classificados por assunto, autor, faixa-etária, tipo. Com essas informações, identificamos o livro que estamos procurando.

De modo a exemplificarmos, apresentámos abaixo as classes a que pertencem os vocábulos que transportados a vendas ambulantes constituem o léxico da zungueira: •Nomes: pai, tio, tia, quixiquila, mãe da quixiquila, quilápi, maca; •Adjectivo: curibota; •Verbos: destrocar, zungar; •Interjeições: ainda, só. Considerando a etimologia e o conteúdo / definição destas unidades lexicais, temos a apresentar as suas particularidades:

1.Ainda, só: interjeições que indicam um pedido. 2.Pai, tio, tia: formas de tratamento com equivalência de senhor, senhora 3. Destrocar: converter em dinheiro miúdo uma moeda ou nota de maior valor. 4.Quilápi: dívida, empréstimo.

Do Kimbundu kilapi, fazendo alusão ao registo das dívidas. 5. Quixiquila: associação de poupança e crédito rotativo em contexto informal. Este termo deriva do Kimbundu kixikila, fazendo alusão ao registo dos valores. 6. Mãe da quixiquila: mulhe que coordena o processo da quixiquila.

7. Zungar: praticar a venda ambulante pela cidade. vaguear, andar sem destino; já aportuguesado, cujo étimo banto é o verbo kuzunga, com o mesmo significado. 8. Curibota: pessoa maldizente ou traiçoeira.

9. Maca: conflito, contenda, problema, controvérsia, querela. Derivado do nome em Kimbundu maka, com o mesmo significado. Relativamente às suas palavras sinónimas (sinonímia), aquelas que têm sentidos iguais, aproximados ou equivalentes, pertencendo sempre à mesma classe gramatical, ilustrámo-las a seguir: a) Ainda, só: por favor; b) Pai, tio, tia: senhor, senhora c) Destrocar: trocar; d) Quilápi: dívida ou empréstimo; e) Quixiquila: poupança ou financiamento informal; f) Mãe da quixiquila: líder da quixiquila g) Zungar: praticar a venda ambulante pela cidade; h) Curibota: traiçoeiro.

Em conclusão, vimos, ao longo da análise do corpus apresentado, que o léxico de uma língua parte do seu uso em situações comunicativas concretas, conforme a realidade apresentada pelas zungueira no seu dia-a-dia.

Para o efeito, o processo de criação e expansão semântica dos vocábulos acabam por contribuir, significativamente, para o enriquecimento da língua. Referências bibliográficas Bahia, M. (2016).Gramática da língua portuguesa.Rio de Janeiro : Alta Boo Vilela, M. (1994). Estudos de Lexicologia do Português.Coimbra: Livraria Almedina.

 

Por: Feliciano António de Castro (FAC)

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