Sempre ouvi dizer que a união faz a força, mas é nos momentos de crise que ela se revela determinante para, de facto, fazer a diferença. Sem união, qualquer trabalho em grupo ou em equipa torna-se mais difícil e, na maioria das vezes, a sua ausência conduz a uma derrota iminente.
A união é mais do que a simples ideia de estarmos juntos ou de partilharmos o mesmo espaço; a união deve ser sentida, vivida e renovada diariamente. A união não resolve todos os problemas, mas torna-os certamente mais fáceis de ultrapassar.
A união vai além do simples acto de ajudar: envolve solidariedade colectiva, espírito de construção comum e empenho partilhado em prol do bem coletivo. É vestir a camisola da causa e dar o melhor de si para o resultado final, onde vitórias e derrotas são partilhadas, onde sorrisos e lágrimas se entrelaçam de forma genuinamente coletiva. Os angolanos precisam de estar unidos, a união é o único caminho para juntos vencermos as intempéries.
A união de todos, a remar no mesmo sentido e a dar o máximo de si, é o factor determinante para a concretização dos nossos objectivos, como povo ou, se quisermos, como nação em construção.
Precisamos estar unidos e ao serviço dos outros. Um povo desunido, onde cada um luta isoladamente, está condenado ao fracasso. Quando o sucesso de um irmão angolano desperta inveja ao ponto de o sabotarem, constitui um exemplo de desunião que aos poucos se transforma em veneno que assassina toda uma nação.
Quando quem procura sair da mediocridade é combatido até à exaustão; quando a crítica apenas visa destruir e desmoralizar; quando se formam grupos apenas para arruinar os sonhos dos outros, o resultado é sempre o mesmo: o fracasso coletivo.
Com tais práticas reiteradas, jamais conquistaremos a coroa do sucesso como país. Quando o êxito de um angolano na música, no desporto, na arte, na literatura, na moda, na dança, no empresariado ou em qualquer outra área incomoda o outro angolano ao ponto de desejar destruí-lo, estamos perante o pior inimigo da construção de uma coletividade forte.
Quando o cancelamento se torna viral pelo simples prazer de destruir um irmão angolano unicamente pela opinião ou omissão do mesmo afunda o nosso progresso. Quando se destruem carreiras sólidas pela via do boicote “colectivo” nas redes sociais.
Quando o fracasso do outro se torna o nosso sucesso e quando as redes sociais são usadas, meramente, como arma de destruição em massa e para difamar e rebaixar o outro. Nunca a união fez tanto sentido como hoje.
Nunca, na nossa história recente, estarmos unidos como povo foi tão essencial para vencermos as batalhas da vida. A lição gratuita de união que os nossos campeões africanos de basquetebol nos deram recentemente deve ser motivo de reflexão profunda e de inspiração coletiva, um exemplo de superação e, sobretudo, de união, que contagiou de forma sublime toda uma nação.
É imperioso unirmo-nos e apoiarmo-nos mutuamente, celebrar tanto os pequenos como os grandes sucessos. Devemos aplaudir, incentivar, ajudar e, sempre que necessário, oferecer uma crítica construtiva que leve à melhoria e nunca a destruição do nosso irmão angolano.
Nunca precisamos tanto de estar unidos: para superar a crise, para crescer juntos, para avançar como povo, para sonhar em conjunto e para acreditar que é possível, mesmo quando as circunstâncias dizem o contrário.
Hoje, mais do que nunca, precisamos de criar uma verdadeira onda de coesão nacional, colocar de lado as diferenças: apoiar os nossos compatriotas, privilegiar os produtos e serviços nacionais, contratar angolanos preferencialmente, fechar negócios entre angolanos e fazer circular a riqueza dentro do país, tantas vezes quanto possível, antes de sair para mãos alheias.
A união deve levar-nos a pensar no bem comum colectivamente, no legado que deixaremos às próximas gerações, para que possamos sonhar com um futuro melhor para os nossos filhos e netos.
Sem união, e com perseguições, boicotes e cancelamentos entre nós, jamais venceremos as crises, a fome, o desemprego e os enormes desafios que enfrentamos. Com desunião, continuaremos perpetuamente a ser o corpo inerte, onde cada abutre vem debicar o seu pedaço.
Unir-nos é dar o melhor de nós em qualquer lugar: é não complicar o atendimento ao utente, é humanizar os cuidados de saúde, é agilizar os processos que chegam à nossa mesa, é lecionar com amor de quem constrói o futuro, é assinar o documento que está há semanas à espera, é não roubar o que não nos pertence, é proferir sentenças justas, é não desviar os recursos públicos, é não favorecer estrangeiros em detrimento dos nossos, é canalizar a verba para a resolução dos problemas do colectivo, é não travar o crescimento dos outros. Unir-nos é, sobretudo, amar o nosso irmão angolano como a nós mesmos.
A nossa geração não pode falhar. Temos o dever de escrever uma história diferente, única e melhor, na qual cada um coloca o seu tijolo na construção de um edifício comum, ajudando o outro a vencer.
Que a inveja não seja factor de desunião e de competição destrutiva, mas que prevaleça a cooperação e a partilha entre angolanos. Que a vitória de um angolano seja a vitória de todos os angolanos; que o prémio conquistado por um atleta, um artista ou um empresário seja motivo de orgulho nacional. Só assim poderemos juntos construir uma Angola melhor.
Por: Osvaldo Fuakatinua