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Qual é a sua religião?

Jornal OPaís por Jornal OPaís
8 de Julho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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Qual é a sua religião?

“Qual é a sua religião?” a pergunta parece simples, quase casual, mas carrega consigo o peso de uma possível separação, de um julgamento silencioso, de um filtro invisível que pode decidir, num instante, quem é “dos nossos” e quem não é.

Ao longo dos anos, fui observando, e ouvindo, muitos relatos curiosos sobre como essa questão, aparentemente inofensiva, interfere nas relações pessoais, profissionais e até familiares. Gente que, ao declarar a sua fé, foi imediatamente afastada.

Gente que, por não professar a mesma religião de um potencial parceiro, viu desfeita uma relação. Gente que, mesmo dentro da própria casa, precisou esconder a sua espiritualidade por medo de rejeição.

Não se trata aqui de discutir crenças específicas, mas de reflectir sobre o medo de reconhecer o outro na sua diferença. O medo de respeitar algo que não controlamos.

O receio de que, ao validar a fé do outro, estejamos a trair a nossa. Quantos de nós aprendemos, ainda pequenos, que só havia um “caminho certo”? Que as outras fés eram “enganos”, “heresias” ou “confusões”? Crescemos, muitas vezes, mais preocupados em invalidar os outros do que em aprofundar o que acreditamos. Criámos fronteiras onde poderíamos ter pontes.

E sem perceber, reduzimos a espiritualidade — que é tão vasta — ao tamanho do nosso medo. Mas o mundo real é mais amplo do que as bolhas em que nos movemos.

No mesmo bairro convivem católicos, protestantes, muçulmanos, espiritas, agnósticos, e até aqueles que, sem nomear nenhuma fé, carregam consigo uma espiritualidade viva, silenciosa e respeitosa.

E não é raro encontrarmos sabedoria, empatia, acolhimento e compaixão onde menos esperávamos, às vezes fora do espaço que chamamos “nossa fé”. A grande questão é: por que temos tanto receio de aprender com o outro? Será que a nossa fé é assim tão frágil que não suporta escutar uma outra história? Será que a espiritualidade, esse caminho tão íntimo, tão profundo, deve mesmo ser medido por etiquetas religiosas? Acontece com muita gente de conhecer pessoas maravilhosas com quem se conectam de forma genuína, até o momento em que vem a pergunta: “Qual é a tua religião?” Ao ouvir a resposta — que não corresponde à expectativa — o brilho no olhar desaparece, a conversa esfria, e percebemos que o lugar que ocupavámos já não é o mesmo. Não fomos rejeitados pelas acções, pelas palavras ou pelo caráter — mas pela resposta. É assim que, muitas vezes, a religião que deveria unir, tornase barreira.

Não por causa da fé em si, mas por causa da maneira como a usamos para classificar e excluir. E o mais curioso é que a maioria das religiões do mundo fala de amor, compaixão, acolhimento, perdão. Mas muitos de nós somos rápidos a esquecer esses pilares quando o outro nos “desalinha”.

Talvez seja tempo de começarmos a perguntar menos sobre a religião do outro e a prestar mais atenção nas suas atitudes. Será que trata bem os pais? Será que respeita o próximo? Será que é íntegro no trabalho? Será que espalha bondade ou julgamento? Essas, sim, são perguntas que nos revelam mais sobre a espiritualidade de uma pessoa do que o nome da sua religião.

A espiritualidade que se vive, e não apenas a que se proclama, é a que verdadeiramente transforma. Não há problema nenhum em ter fé. Em ter convicção. Em ter uma doutrina clara.

O desafio está em perceber que a sua fé não precisa invalidar a do outro. Que o seu caminho não precisa ser o único. Que o mundo é grande o suficiente para caberem várias formas de acreditar.

No fundo, a pergunta mais importante talvez não seja “Qual é a sua religião?”, mas sim “Como é que a sua fé se manifesta no mundo?” Se for através do amor, do respeito, do cuidado, da escuta e da presença… então já estamos mais próximos uns dos outros do que imaginamos. Receba o meu carinhoso e apertado abraço e a promessa de voltar para mais partilhas matinais. N’gassakidila.

Por: LÍDIO CÂNDIDO “VALDY”

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