O Ensino da Língua Portuguesa enfrenta uma crise silenciosa: muitos professores têm reduzido a língua ao domínio de regras gramaticais, esquecendo-se de que o verdadeiro intento do ensino da língua é “comunicar, interpretar, argumentar e transformar a realidade”.
E, muitas vezes, este ensino de regras é feito de forma isolado que os pupilos acabam decorando regras após regras que se esquecem do contexto. Ora, bem! A gramática por si só não é o problema.
O caos é quando ela se torna o centro absoluto do processo de ensino-aprendizagem, afastando os discentes da vivência linguística real. A língua não é um sistema fechado de normas, mas, sim, um organismo vivo que varia de região por região (variação linguística). Quando a escola ignora isso, transforma o aprendizado num exercício mecânico e sem sentido.
“O Ensino da Língua Portuguesa deve ser feito com base em debates e reflexões”, permitindo que os alunos se sintam confortáveis e livres em expressar as suas ideias.
O que acontece é que os professores formados em gramática não permitem que os alunos se expressem, visto que, quando eles se manifestam e cometem uma gafe, os docentes querem de imediato fazer a correcção que os formandos chegam a não mais comentar nas aulas.
E, na maioria das vezes, os tais professores não elucidam o porquê de não ter sido daquele jeito nem procuram entender o motivo de os pupilos terem dito isso ou aquilo.
O que se quer é de docentes que levam os discentes a reflectir sobre os tais desvios que cometem. Esta iniciativa de debater e reflectir sobre a língua deveria emergir dos magistérios, já que são eles que formam os professores.
É mais regras atrás de regras: análise sintáctica, análise morfológica, concordância… Os docentes só chegam a trabalhar textos quando é aula de leitura e, no momento da interpretação e compreensão, muitos chegam a restringir-se apenas nas questões encontradas no manual.
Por que se chega a dizer que a Língua Portuguesa é a disciplina mais difícil? Simples! Devido aos professores de gramática. Estes docentes acabam frustrando os discentes, fazem-nos acreditar que não sabem português, mesmo aquando se comunicam perfeitamente em seu cotidiano. Já advertia a pedagoga e linguista brasileira Magda Soares (2004) que ensinar a língua é ensinar a usá-la para pensar, comunicar e interagir.
E não para ficar aí ensinar tantas regras que até o tal professor não aplica no seu cotidiano. (Grifos meus) Portanto, o que se quer aqui passar não é banir a gramática, todavia recolocá-la em seu devido lugar: como ferramenta ao serviço da língua — comunicação — e não como fim em si mesma.
Por outra, o Ensino da Língua Portuguesa só será verdadeiramente libertador quando for plural, contextualizado, dialógico e centrado no uso real da linguagem. Professores que entendem isso não matam a língua — ELES FAZEM-NA VIVER. Na busca pela diferença: SER INCOMUM!
Por: DANIEL CAPINGALA SAKOVI