Dentre os programas emblemáticos da Rádio Luanda, cito: o Balumuka, com Amaro Fonseca; os programas matinais, de segunda a sexta, com o Paulo Miranda Júnior ou o Mateus Cristóvão, com repórteres espalhados pela cidade, Beto Chimbungo, Paulo Feidão, Liberato Furtado, Gabriel Veloso, Tomé Armando; havia o programa em que o apresentador era o enorme José Miguel «Zé Michael»; os Discos Pedidos e as Tardes Vivas com José Pedro Benge, e eram nas edições dominicais em que o Zé Benge, com o seu CantaCanta, fez desabrochar artistas para a nossa música, Margareth do Rosário, Djamila Delves, Kueno Ayonda, Yola Araújo; o Sábado Mais com Mateus Cristóvão; o Jovial Cidade, com Patrícia Faria; o Vinte Uma a Uma de Afonso Quintas; o Kimbwelela/BwebweréBwé de Adão Filipe; o Kialumigo de Salu Gonçalves, que culminavam com o “problemático” Dicas e Dicas, mas também lançou novas vozes para a Rádio, Mara D´Alva, Carla Pena, Artemísia Mucuta, Alda Mulaza, Domingas Henriques, Ana Rosa Ernesto, Bismarck José “o Naperom” e também esteve no programa a Carla Lemos, a Delfina Feliciano, com a técnica e música por Natércia Maria, Sérgio Santiago, DJ Xuxo e Xuxo DKNY; o «Ame a Vida e Viva com Saúde» e «Clube de Amigos» com Teresa Guerra; às madrugadas com Joaquim Figueiredo e a Professora Fernanda Menezes, o Raimundo Neves nas notícias.
Não é possível deixar à ilharga, nomes e figuras que assumiam (uns ainda assumem) a assistência técnica e a engenharia sonora/sonorização em programas da Nacional: Moisés Dembi, Artur Arriscado, Artur Neves, Ferreira Marques, Ferreira Valentim, Cartaxo Baptista, Fernando Mendes, António Bartolomeu, Humberto Jorge, Francisco Patrício, Moscovo Garcia, Henriques Santos, António Pedro Guida, Mateus Miala, José Bamba, Ondino Airosa, Saldanha Neto, Paulo Mendes Jacinto, Adalberto Fernandes, Adérito Pereira Fernandes, José Domingos Mante, Madalena Neto, Elizabeth Pedro, Cláudio Bebeca, José Luís Faria, Ady Melo, Sansão Mendes, Domingos Soares, Toch dos Santos, Eduardo Bonda, etc., etc., e Margot Rasgado, Lourdes António e Djassy Fortes, na selecção musical.
Nestes trinta e tantos anos de ligação afectiva incindível à RNA, mesmo desde o Sumbe, tive o ensejo de testemunhar e de registar mentalmente momentos, uns tristes e outros gratos, de verdadeiras disrupções e necessárias evoluções na estação, como a já citada debandada do grosso dos integrantes do Onda da Manhã, que foram constituir a Rádio LAC; como ouvir a Redacção Desportiva da RNA a se transfigurar, a 11/11/1995, no seu quinto canal, a Rádio 5, por obra e mérito de Manuel Rabelais, coadjuvado por Arlindo Macedo e Humberto Jorge; na Rádio 5, vimos criativos repórteres de pista, António Rodrigues “Apolinho”, Vaz Kingury (a se tornarem em grandes relatores), Gaspar Florêncio e Cândido Fortunato (a emergirem como enormes profissionais); ainda na Rádio 5, deu-se a aparição pioneira, entre nós, de comentadores de futebol, estou a me referir a Zeca Martins e Arlindo Leitão (como residentes, também tinham programas próprios, tal como tinha o Oliveira Campos “Dadá”), Amílcar Silva (como comentador-convidado) e havia também os comentadorescorrespondentes no exterior, como José Respício e Óscar Coelho.
E a experiência do futebol, posteriormente, migrou para outras modalidades desportivas. Dentre as primeiras vozes e nomes associados à condução e reportagem de programas da 5, lembro de José Kissanga; João Carlos; Manuel Madureira; Carlos Pacavira; Nelson Ventura; Assunção dos Santos; Aguinaldo dos Santos; Eugénio dos Santos «Ti Chiby»; Aguilar Virgílio; Emanuel Cardoso, cujo programa de recordações sobre o futebol do outro tempo, tendo como música-hino «Makongo dya Chiquita» de Ferreira do Nascimento, que evoluiu para a Voz dos Kotas sob condução de Osvaldo Bravo; Boris Fernandes/Alexandre do Nascimento; Jacinto Júnior; Paulino Fernandes; Alves da Silva; Joaquim Clemente; Isaac dos Santos; Divua Manuel; Bruce de Oliveira; Augusto Arismendes; Bob César; Galiano; Domingos Kitumba; Celestino Gonçalves; Cristiano Barros; as 5 (Senhoras) da Rádio 5, nomeadamente Sílvia Cabral (futebol), Delmira Dias (desportos náuticos), Berenice “Nicinha Rocha” (voleibol e basquetebol), Ana Cristina Jeremias (hóquei em patins) e Sónia Marisa (andebol).
Estando, no presente, a reforçar a condução dos principais programas e relatos de jogos, figuras como Alexandre Dinis, Pedro Bambi, Bravo da Silva; Paula Pande; Miriam Jai; Elsa Lassaleth, Lizeth de Carvalho, Domingos Kitumba; Osvaldo William; Januário Viana. Vi/ouvi os talentos de programas infantis (Rádio Piô, Kaluanda Piô e outros) a passarem para programas de adultos, Bela Pacheco, Leda Macuéria, Vânia Varela, Sílvia Samara, Guga Silva, Edna Mara, Jorgelina Armando, Bernardeth Horta (saída dos programas infantis da Rádio Kwanza-Sul), Bárbara Alves, Ana Moçambique e na realização e conteúdos estavam Octaviano Correia, Fernando Nogueira, Dario de Melo, a Zé Saraiva, Tio Quim. Notei a Redacção Cultural a ganhar robustez, com jornalistas e apresentadores da dimensão de Nicolau da Silva, Gilberto Júnior, Amadeu Pimentel, Miguel Pacheco, Manuel Araújo, Carlos Bequengue, Simão Bequengue, João Miguel das Chagas, João Dombaxi, João Pedro, João Cunha, Manuel Chimbandongo, em que ao lado do intocável nos sábados à tarde Quintal do Ritmo, emergiu o programa das manhãs de domingo Poeira no Quintal, inicialmente composto por Sebastião Lino, António Bequengue, Luisito Dikambu, Nelo Vieira, João Miguel das Chagas, Isaías Afonso, Agnelo Songamasso, entre outros, programa que a dada altura passou a abarcar o Projecto Caldo do Poeira, que nos últimos domingos de cada mês começou a prestar tributo a artistas que se destacaram nas décadas de 1950, 60 e 70 no music hall nacional e na edição de pontapé de saída, ocorrido no refeitório da Rádio, o homenageado foi Urbano de Castro “Preta Fula/Urbanito Angolano”.
Note-se que as edições posteriores do projecto foram realizadas no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, o antigo Salão Maria Esquerquenha. A partir dessa iniciativa, numa espécie de efeito metástase, aqui na perspectiva de efeito social positivo, começamos a assistir ao proliferar de Caldos disto e daquilo por ruas, bairros e salões de festas, um pouco por todo o país. Por fim, acompanhei a triste situação resultante da aprovação de diplomas legais e sua aplicação desumana, desumana por serem imitações de regulações de países que já resolveram os problemas existenciais básicos da classe jornalística e da comunicação em geral, pois aqui levou a que quadros do sector fossem empurrados para fora das redacções e ao afastamento compulsivo dos microfones.
Quando o ideal é o estabelecimento de regras sobre incompatibilidades e reforma que sejam condizentes com a nossa realidade remuneratória e o cenário socioeconómica do país, porquanto estamos perante profissionais de raro talento, que pode ser emprestado a outros sectores da vida social, sem pôr em causa a sua actividade profissional regular e os critérios de reforma no sector devem ser sopesados, uma vez que a optimização de desempenho se consegue com o tempo/idade e isso não compromete em nada a integração de novos quadros, nem a coabitação funcional de todos..
Tenho orgulho de afirmar e dizer que o lema «Unimos o País» adoptado pela RNA não é vão, pelo contrário, por via de programas, como Angola Combatente, na voz de Octávio Pedro Kapapa, o país se reunia em torno de um aparelho de rádio, para saber do ponto de situação no teatro das operações e ouvir palavras de coragem patriótica, nos tempos do conflito armado que assolou Angola até 2002. Em acréscimo, as grandes coberturas de eventos políticos, culturais e desportivos, transmitidos pela RNA, também tinham e têm esse condão de “unir o país” de fio a pavio.
E como testemunho dessa reunião emocional/imaterial da Nação, proporcionada pela RNA, sinalizo o facto de ter aprendido, estando eu no Sumbe, a conhecer e a identificar vozes e nomes que integraram e integram as emissões da Nacional, a partir de todos os pontos cardeais e colaterais do país, como se pode ver a seguir: – De Cabinda, Artur Ferreira, Silvério Martins, Manuel Alexandre, Manuel Esperança, Angelino Luís, Domingos Tiago.
Do Zaire, Pedro Sirdes, São Arriaga. Do Uíge, João Isaac, Fernando Eduardo, Ângela Cruz, António Malungo. Do Bengo, cuja emissão, antes de ser Rádio Bengo, emergiu como Programa Bengo Presente, com Tony Lena, e hoje temos vozes como Eduardo Mota, Francisco Adão Katamba. – Do Kwanza-Norte, Rodrigo Fontoura, André Mussamu. De Malanje, Francisco Kuringana, João Pedro, Francisco Pedro. Da Lunda-Norte, Manuel Ribeiro, Cabo Dias, Amado Jorge, Ricardo Nelson, Filomena Mununga, Sapalo Chinguenheca. Da LundaSul, Hortêncio Michel, Constantino Miúdo Luami. Do Moxico, Paulo Cahilo, João Calumbi.
– Do Kwanza-Sul, Júlio Mendes Lopes, José Ganda, Noy Júnior, Nuno Leiria, Neto Makandumba, Eulália Paula “Lalita”, Fernando Júlio, Guilherme Wandalika, Restino Inácio, António Marcolino, Abel Bravo Costa, Lopes Semedo. Do Huambo, Feliciano Zunda, Cornélio Samanjata, Isildo Afonso, José Sequesseke, Delfina Feliciano, Ivone de Lourdes, Marlene Eiúba, Adérito Gaieta. Do Bié, Abel Abrãao, Francisco Fany, Jonas Albino, Martinho Anselmo Canequela. – De Benguela, dada a proximidade geográfica desta Província com a do Kwanza-Sul, tinha alguma facilidade de sintonizar as Rádios Benguela e Lobito, é assim que a partir Benguela sublinho nomes como João Carlos de Carvalho, Carlos Alberto Pimentel, Adão Gabriel.
Lilas Orlov, Domingos Isata, Gabriela Tavira, Eduarda Feliciano, Síria de Castro, Céu Marques, Domingos Isata, Alexandre Lucas, João de Almeida, Paulo Stone, Ekumbi David, Armando Balaca. Do Lobito, Sabino Fernandes, Anabela Boavida, Rosa Berta, Rebeca Loura, Ribeiro Tadeu, Enoque Chissingue, Inocêncio Solititi, Havaiano Cipriano.
– Da Huíla, Aurora Guerreiro, Joaquim Armando, Pepé António, Silas Silvestre, Celestino Camati, João Baptista, Orlando Ivo. Do Namibe, Alves António, Francisco Lopes, José Augusto, José Mário, Linda Morais, Elias Guito. Do Cunene, Atanagildo Paulo, Leopoldovino Adriano, Cecília Ndanhacúcua. E do Kuando-Kubango, Abel Samba, Aristides Quito, Linda Salangue.
Outrossim, ouvíamos matérias despachadas por quadros da Rádio no exterior, normalmente em formação, e por correspondentes espalhados pelo mundo, dos quais me lembro, de Joaquim Gonçalves e Pedro Neto, na Alemanha; Amílcar Xavier, em Portugal; Josefa Lamberga, na África do Sul; Luís Fernando e Africano Neto, em Havana, Cuba; Armindo Tomba e Aurélio Martins, em São Tomé e Príncipe; Filipe Lomboleni, enviado durante a independência e as primeiras eleições da Namíbia. Mas, como não se faz rádio sem o feedback imediato, resultante da participação directa de ouvintes, fiéis e pontuais (nas palavras do bom do Isaías Afonso), nos programas da estação e inicialmente essa participação era feita por cartas, que eram depositadas na Portaria da Rádio, dirigidas para qualquer um dos seus canais, e por telefones fixos.
Fazendo mais um apelo à memória, eis que dela emanam nomes de ouvintes, abaixo mencionados, que me habituei a ouvir e posteriormente a conhecer pessoalmente alguns deles: – Lourenço Diogo, o invisual, que brilhantemente fez a sua formação na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, sendo hoje um jurista sénior da Sonangol, EP.
Com ele entravam também os seus irmãos Sílvia Nair, ex-Miss Luanda, Licínio João de Deus e Perivaldo Marta, – Nadine Kinkela, a partir da Cuca, era voz assídua nos programas dos distintos canais da RNA. Maria Wine Baptista, economista que já exerceu a função de PCA da Comissão de Mercado de Capitais (CMC). – Bráulio Paim, formado na Faculdade de Direito da UAN, jurista com méritos reconhecidos pela sua especialização em Direito de Trabalho. Dilu Kinzimba, também oriunda da Faculdade da UAN, sendo hoje um competente Magistrado Judicial. Rui Malaquias, economista, sendo actualmente membro do Conselho Nacional de Concertação Social.
– Eurídice Cardoso; Valéria Nascimento; Helena Nerica (economista), Zé Luís “Poeta da Noite”; Ivano, e outros irmãos, Gama; Djandira Tukayana; Abílio Valente «in memoria»; Maria Diogo, a médica; Simão João Polva; Nzinga Gama, a partir do Mártires de Kifangondo; Erivaldo Álvaro de Melo; Domingos Adão, a partir da Rua das Velhas Camponesas, no Golfe; Mutima Kakulete, o militar. Enfim, hoje, seguramente, todos eles homens e mulheres feitos na vida, porém, foi pela audição de programas e participação em concursos que muitos de nós fomos construindo e desenvolvendo as nossas bases cognitivas, que nos permitem ser as pessoas e técnicos que somos.
Ou seja, foi também graças RNA! Esta foi e segue sendo a nossa RNA que, não obstante a reconfiguração do espectro radiofónico no país, conserva o seu lugar de estação charneira na prestação de serviço público de comunicação social, pela sua abrangência territorial, e a fonte segura da informação oficial, o que é fundamental preservar nos tempos actuais de notícias falsas, inteligência artificial e pós-verdade.
Em tese, me considero portador de memórias vivas e embaciadas de uma ligação fidelizada à Rádio Nacional, cujas razões de existência desconsigo de explicar, quiçá se deva ao facto de me ter insuflado de sentimento patriótico, o que viabiliza a partilha com a Rádio do mesmo ideal de ver o país unido rumo ao progresso. Bem-haja, RNA e que venham muitos mais 05 de Outubro! Estamos juntos!!
(Continua…)
Por: FREDERICO BATALHA









