Cinco décadas depois da independência, assinalada em Novembro passado, Angola tem sido dirigido pelo MPLA, partido cujo presidente proclamou a efeméride no Largo 1.º de Maio, em Luanda. Desde então, a oposição, agora capitaneada pela UNITA, fundada ainda na década de 60, vai lutando para assumir as rédeas do país.
Num primeiro momento, o fez por via armada, tendo sido derrotada, inclusive, com a morte do seu líder fundador, Jonas Savimbi, que participou de um pleito eleitoral em que ‘sucumbiu’ perante o malogrado José Eduardo dos Santos, em 1992. Tanto nas eleições de 1992 como nas de 2008, registou-se uma maior afluência de partidos políticos da oposição, o que para muitos fazia prever que pudessem, no mínimo, fazer alguma mossa ao partido no poder, mas a realidade acabou por apresentar um cenário ainda mais caótico.
Desde então, embora se esteja a caminho das sextas eleições gerais, nunca a oposição conseguiu caminhar unida, nem tão pouco sob um único símbolo. Longe das eventuais interferências que podem ser apontadas aos seus adversários, os egos e os desafectos sempre afastaram esta possibilidade, o que vem reforçar a tese daqueles que ainda hoje vêem tendências utópicas em muitos dos movimentos que se propalam.
Foi durante as primeiras eleições gerais que o malogrado líder fundador da UNITA considerou alguns dos partidos políticos da oposição de ‘partidecos’, demonstrando que, mais do que abraçar qualquer coligação legal, estava desinteressado em alianças que pudessem enfraquecer as suas ambições e do grupo que dirigia. Desde então, a tese de que um dia Angola pudesse ver a nata da oposição reunida sob a mesma marca caiu em desuso.
Os anos subsequentes vieram, claramente, demonstrar que, longe de qualquer ingerência, a oposição tem sido oposição de si mesma, incluindo na época em que se apresenta reunida numa plataforma: Partidos da Oposição Civil (POC). A passagem meteórica da Frente Patriótica Unida (FPU), que para uns deveria ser uma coligação legal, mas para outros não, veio alicerçar ainda mais as desconfianças existentes no seio da própria oposição.
E, tempos depois, demonstrou ser, além de uma pretensa coligação política, um conglomerado de interesses económicos saídos das eleições de 2022. Agora, aos angolanos é oferecida uma Ampla Frente, uma ideia concebida pelo líder do maior partido da oposição, Adalberto Costa Júnior, sabendo-se já de antemão que não será nenhuma coligação legalizada de facto para que a UNITA não perca protagonismo dos seus símbolos e interesses.
O que resta saber é que papel jogarão os outros que são chamados para a odisseia em 2027, quando se sabe que, a nível interno desta organização, é quase adquirido que não se quer voltar a dar a mesma visibilidade e integração a provenientes da sociedade civil em detrimento dos seus membros.








