Muito antes do apito inicial de qualquer competição, há um jogo mais silencioso a ser trabalhado. Um jogo a onde não há público, sem holofotes, mas com impacto directo no que virá a seguir, a pré-temporada.
Nesta fase, nos campos de treino, entre planilhas, circuitos tácticos e conversas técnicas, que se define o sucesso ou o fracasso de uma época inteira. No futebol moderno, não há mais espaço para o amadorismo.
A metodologia de treinamento exige ciência, precisão e continuidade. A preparação física é baseada na resistência, força, velocidade e recuperação. Sem isso, os músculos cedem e as lesões surgem de forma indesejada.
Mas o futebol não se resume a correr. O entendimento táctico é o que transforma um grupo numa verdadeira equipa. O Posicionamento, transições, compactação, movimentação sincronizada, tudo isso se aprende, se treina e se consolida durante a pré-época. É também o momento de afinar o toque de bola, de estimular o improviso dentro do plano traçado, e de consolidar a identidade do grupo.
Contratar jogadores aos montes sem esse cuidado é projectar o fracasso. O talento não compensa a desorganização. Por isso, os nossos clubes do Girabola precisam de rever prioridades. A pré-temporada não é um castigo, mas sim um investimento indispensável.
Neste período da época, é inadmissível que os futebolistas tenham de treinar em campos com relva desnivelada, com equipamentos ultrapassados, sem alimentação adequada ou suporte médico condigno.
Por isso, reafirmo que não basta contratar “carradas” de jogadores com currículos vistosos ou passagens relâmpago pela Europa ou pelo Brasil. A metodologia de treino na pré-época tem de ser séria, científica e completa. É ali que se molda o colectivo, que se cria identidade e se prepara o pulmão para os 90 minutos semanais.
O Girabola, com todo o seu encanto e desafios, precisa de romper com o velho hábito de improvisar. É preciso investir igualmente em centros de treino e em profissionais capacitados.
Só desta forma se pode evitar o colapso físico durante os jogos e se reduz a fila de lesionados no departamento médico. Preparar-se bem antes da largada é respeitar o futebol e, sobretudo, quem o joga.
Os clubes que compreenderem isso colherão frutos em campo. Os que insistirem na improvisação, verão as suas “estrelas” apagarem quando mais precisarem de brilhar.
Por: Luís Caetano