Acredito que o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita nas classes iniciais é uma das fases mais significativas da formação escolar de uma criança.
É nesse período que se lançam as bases para o desenvolvimento de habilidades essenciais, não apenas para o sucesso acadêmico, mas para a vida em sociedade de forma mais ampla.
Na minha visão, esse processo deve ser conduzido com sensibilidade, respeito ao tempo de cada aluno e uma abordagem que vá além da simples decodificação de palavras.
Ensinar a ler e escrever não pode se limitar à repetição mecânica de letras e sílabas, mas deve envolver o despertar da curiosidade, o incentivo à imaginação e o prazer pela leitura.
Vejo o papel do professor como fundamental nesse processo. Ele não é apenas um transmissor de conteúdo, mas um mediador que cria um ambiente acolhedor, motivador e desafiador, onde a criança se sinta segura para explorar, errar, tentar novamente e, principalmente, construir sentido para aquilo que aprende.
A afetividade e o vínculo entre professor e aluno são, na minha opinião, tão importantes quanto os métodos utilizados.
Também considero que o ensino da leitura e da escrita deve estar ligado à realidade dos alunos. Quando conseguimos trazer para a sala de aula textos que dialogam com o cotidiano das crianças – como histórias, bilhetes, receitas, músicas e brincadeiras –, favorecemos uma aprendizagem mais significativa.
Isso porque o aluno percebe a função social da leitura e da escrita, entendendo que são ferramentas que ele pode usar no dia a dia.
Outro ponto que considero crucial é a valorização do processo, e não apenas do resultado final. Cada criança tem seu próprio ritmo de aprendizagem, e cabe a nós, educadores, acompanhar, apoiar e valorizar cada avanço, por menor que pareça.
O erro, nesse contexto, deve ser encarado como parte natural do aprendizado e não como motivo de punição ou vergonha. Acredito que família e escola precisam caminhar juntas.
O envolvimento dos pais ou responsáveis, o incentivo à leitura em casa e o diálogo com os professores podem contribuir muito para o sucesso da criança nesse processo tão importante.
O maior presente que podemos oferecer a uma criança, nos seus primeiros anos escolares, é o acesso ao mundo da leitura e da escrita. Mais do que aprender a decodificar letras ou formar frases, trata-se de um processo de descoberta, de empoderamento e de libertação.
O ensino da leitura e da escrita nas classes iniciais é, para mim, uma das experiências mais profundas que uma pessoa pode viver — tanto quem aprende quanto quem ensina.
É com emoção e responsabilidade que olho para essa fase. O que está em jogo ali não é apenas o desempenho escolar, mas a base sobre a qual toda a formação educacional e pessoal será construída.
Por isso, defendo que o processo de alfabetização e letramento deve ser conduzido com sensibilidade, escuta ativa e um olhar atento para cada criança.
A leitura e a escrita não podem ser ensinadas como meros conteúdos escolares, desconectados da realidade dos alunos.
A criança precisa perceber que aquilo que aprende tem utilidade, tem beleza, tem vida. Quando ela entende que pode escrever uma cartinha para a mãe, ler um recado deixado no quadro ou interpretar uma história cheia de emoção, o aprendizado ganha outra dimensão.
O sentido dá força ao saber. Cada criança tem seu próprio ritmo, e isso precisa ser respeitado. Não se trata apenas de aplicar métodos, mas de criar oportunidades para que cada um avance a partir de onde está.
Há crianças que chegam à escola com contato prévio com livros, histórias, músicas e conversas ricas. Outras, infelizmente, vivem em ambientes com acesso limitado à linguagem escrita.
Essas diferenças exigem do educador sensibilidade para adaptar suas práticas, para acolher as dificuldades sem julgamentos, e para celebrar cada avanço, por menor que seja.
Tenho visto, com preocupação, a pressão crescente por resultados imediatos. Muitas vezes, o sistema escolar trata a alfabetização como uma corrida contra o tempo, como se todos tivessem que aprender ao mesmo tempo, do mesmo jeito. Mas o verdadeiro aprendizado não se dá sob pressão.
Ele precisa de espaço, de tempo, de escuta e de liberdade. Ensinar a ler e a escrever é, antes de tudo, um processo de encantamento. E ninguém se encanta sob ameaça.
É por isso que acredito que o professor das classes iniciais tem uma missão profundamente humana. Ele é o primeiro a segurar a mão da criança nesse caminho.
É ele quem lê histórias com emoção, quem incentiva a escrita espontânea, quem comemora o primeiro bilhete escrito com letras trêmulas, mas cheias de significado.
O educador, ali, é muito mais do que transmissor de conteúdo. Ele é mediador de sonhos, provocador de ideias, parceiro de descobertas.
Não posso deixar de falar da importância de trabalhar com a linguagem em sua diversidade. Leitura e escrita se fortalecem quando são colocadas em contextos reais.
Listas de compras, receitas, quadrinhos, poesias, cartas, convites, placas, notícias — tudo isso pode (e deve) fazer parte do cotidiano da sala de aula.
Quando o aluno vê sentido no que está fazendo, ele se envolve de verdade. A aprendizagem acontece não apenas com a mente, mas com o coração.
Além disso, precisamos lembrar que alfabetização não é um ponto final. Saber ler e escrever não se resume a juntar letras. Vai muito além disso.
Envolve interpretar, argumentar, criticar, criar. Envolve formar sujeitos capazes de entender o mundo e atuar nele. Por isso, o trabalho com a linguagem precisa ser contínuo, progressivo, articulado.
A base se constrói nos primeiros anos, mas os andares seguintes dependem do que foi feito ali. E essa é, sem dúvida, uma das maiores contribuições que a escola pode dar à vida de uma criança.
Por: Samuel Pedro Augusto









