O século XXI é, inegavelmente, a “Era da Comunicação”. Não se trata de uma mera constatação, mas de uma verdade corroborada por inúmeros académicos e, em particular, pelos jornalistas franceses Renaud de La Baume e Jean-Jérôme Bertolus, que na obra “Os Novos Senhores do Mundo: A Louca História dos Multimédia” o intitulam o “Século da Comunicação”. Este período assinala uma transformação profunda nas interações sociais e políticas a nível global. Em 1967, Marshall McLuhan, aos 56 anos, introduziu o conceito visionário da “Aldeia Global”.
A sua tese, que antecipava o acesso universal à informação em tempo real e a interconectividade através de vídeochamada, pareceu utópica na época, contudo, a sua concretização valida-o hoje como um verdadeiro “profeta” da era digital.
Ao passo que, no campo das Ciências Políticas, para uma compreensão aprofundada das dinâmicas de poder, é crucial analisar os Regimes Políticos. Focando-nos no contexto angolano, o regime em vigor é o Democrático.
A Democracia, com origem na Atenas do século V a.C., deriva do grego arcaico “Demokratía”, que significa “Governo do Povo” (Demos: Povo; Kratos: Poder). Este modelo pressupõe a transferência da soberania popular para entidades governamentais via Sufrágio Universal. A premissa fundamental é a obrigação do governo em respeitar os desígnios do povo.
Para garantir a eficácia desta relação entre Povo e Governo, a comunicação assume um papel central, tal como exemplificado pela histórica “Acta Diurna” de Júlio César (69 a.C.), precursora da actual Comunicação Social.
A construção de uma sociedade equilibrada e funcional depende intrinsecamente de dois pilares: Educação/Instrução e Informação/ Comunicação. No presente século, a comunicação é um instrumento estratégico para muitos governos.
Ela não só facilita a manutenção da confiança pública, como também fortalece a reputação institucional e eleva a credibilidade do país no cenário internacional. Recorrendo à perspicaz observação de Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando o outro devido à cor da pele ou religião, aprendem.
E, se as pessoas aprendem a odiar, também podem ser ensinadas a amar”, esta afirmação sublinha a capacidade humana para a transformação, pois, a transição da aversão para a afeição é facilitada pela existência de confiança no quotidiano, e a confiança, por sua vez, resulta de relações alicerçadas na comunicação, como defendia o filósofo chinês Confúcio.
Em suma, é inequívoco que a comunicação constitui o activo mais valioso das democracias modernas. Governos, instituições, organizações sociais e empresas que subestimam ou negligenciam a comunicação estratégica como um pilar das suas relações comprometem seriamente a sua sustentabilidade e o seu propósito.
Por: OLÍVIO DOS SANTOS
*Consultor de Comunicação Integrada