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O mulherengo e a família de aluguer

Jornal OPaís por Jornal OPaís
20 de Junho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
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No domingo, enquanto tentava preparar a mente para o dia seguinte, Aleixo levantou-se com a certeza de que, antes de se entregar ao descanso, precisava livrar-se das impurezas da correria.

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Caminhou até ao WC, fez o que devia e, ao sair, lembrou-se de purificar também a boca. Espremeu a pasta sobre a escova e começou a lavagem. Terminado o ritual, levou o rosto ao espelho para conferir se a alma já refletia mais leveza. Abriu a boca para inspecionar os dentes e… escorregou. Tentou apoiar-se na parede, mas em vão.

Tombou, levando consigo o espelho, que se estilhaçou e rasgou-lhe a perna esquerda. Saiu cambaleando do compartimento e foi à sala-de-estar dar a notícia à esposa que o esperava.

Assustada, ela prestou os primeiros socorros e pediu-lhe que aguardasse o amanhecer para seguirem ao hospital. Na manhã seguinte, Aleixo deu entrada na unidade hospitalar e enquanto esperava a sua vez, jogou os olhos à tela presa a parede e viu apresentadores debatendo sobre “Por Que Alguns Homens se Tornam Mulherengos?”.

Como se lhe tivessem passado a palavra, Aleixo pôs-se a pensar alto: Em muitos contextos africanos, ainda se associa o valor do homem à sua virilidade, e a virilidade, é muitas vezes confundida com o número de mulheres que ele “consegue”.

Então, é difícil não ser, porque em muitos casos a sociedade oferece prestigio a quem coleciona mulheres e ainda o vê como forte, esperto e até vivido.

Enquanto pensava alto, Aleixo viu sair do consultório uma enfermeira, com o olhar perdido, como se tivesse deixado algo dentro. Uma voz perguntou quem era o paciente, e ela, distraída, respondeu: — Esse também alugou a família. Aleixo esqueceu-se do debate televisivo, da dor e da razão que o levara ali.

Ergueu-se e foi ter com a enfermeira. — Desculpe, doutora, como assim alugou a família? — O senhor já vai ser atendido. O médico explicar-lhe-á melhor — respondeu ela, já recompondo-se.

Chamaram-no. Ao entrar no consultório, Aleixo foi direto: — Doutor, a senhora disse que o senhor me explicaria como e para quê se aluga uma família.

O médico, sorrindo, apontou para a maca. — Vamos antes cuidar da sua perna. São dois pontos. Não vai doer, aplicamos anestesia. — Está bem, doutor.

Mas… desculpe insistir: como é isso de alugar família? O médico riu, ajeitou os óculos e confessou: — Dizem que eu devia ser escritor, vivo a contar histórias aos pacientes.

Mas escrever… é outro dom. Para entender, tenho que lhe contar o fio da conversa. — Conte, doutor. Estou a ouvir. — Tenho um primo. Conheceu uma senhora num casamento.

Ela estava com o esposo e partilhavam mesa com ele. Segundo contou, ela lançava-lhe olhares que gritavam mais que o discurso do padre. Astuto, levantou-se da mesa, certo de que ela o seguiria. Ela encontrou-o estacionado junto ao WC. Disse-lhe logo que não podia demorar-se, pois o marido podia dar por falta.

Pediu o contacto. Ela deu. No dia seguinte, ligou. Descobriu que o casal era de Benguela e estava em Luanda apenas para assistir ao casamento do irmão da senhora. Meu primo, generoso até na esperteza, ofereceu-se para leválos ao terminal.

No dia combinado, apareceu. Durante a viagem, o marido perguntou-lhe se era o mesmo do casamento. Ele confirmou, e completou: descobrira que a senhora era, afinal, filha da sua malograda tia Kátia. O marido, sem desconfiar da armadilha sentimental, agradeceu.

Mas semanas depois, arrependeuse. Percebeu o teatro, e assinou os papéis do divórcio. Meses depois, o meu primo quis oficializar a relação.

Porém, em Luanda, tinha outra esposa, que acreditava que ele estava em Benguela para uma série de consultas oftalmológicas. Foi assim que alugou uma família.

Levou mãe, tios e primos de ocasião, todos recrutados com promessas e refeições pagas, e apresentou-os à ex-esposa do outro como seus legítimos parentes, numa cerimónia improvisada de pedido.

— E assim, senhor Aleixo, é que se aluga uma família: para construir uma mentira onde já se vive outra. Aleixo sorriu de lado. — Doutor, isso merece virar livro. — Merece sim. Mas por enquanto, dois pontos e um penso. O resto é cicatriz que o tempo e a literatura curam.

Por: DITO BENEDITO

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