Por se tratar hoje de um problema que exige o envolvimento de todos, ontem o Presidente da República, João Lourenço, dirigiu uma reunião do Conselho de Ministros em que a questão da sinistralidade rodoviária foi um dos temas candentes, tendo em conta os seus efeitos na nossa sociedade.
Não é novidade para muitos, uma vez que tem sido amplamente difundido, que os acidentes de viação são hoje a segunda maior causa de morte no país.
Infelizmente, apesar de todos os apelos que são feitos, os carros e motorizadas continuam a dizimar milhares de cidadãos todos os anos, rivalizando somente com a malária, a doença que ainda está na pole position da lista das causas de mortes no país.
Luanda, como não poderia deixar de ser, até por razões óbvias com os meios à disposição e o número de pessoas existentes, é aquela em que se registam mais acidentes de viação, muitos dos quais mortais, alguns deles até evitáveis se se cumprissem escrupulosamente as regras de trânsito.
Ontem, quando falava à Rádio Nacional de Angola, o comandante geral Arnaldo Carlos apresentou números estarrecedores.
São cifras que amedrontam, não havendo, neste momento, um único dia em que os acidentes não atingem números que deixam as autoridades preocupadas.
No grupo de possíveis causas, em determinados pontos, claro que estarão também as estradas, muitas das quais esburacadas, incluindo em zonas de capitais de províncias que eram tidas como nobres.
Aliado a esta situação, por mais que alguns rejeitem, estará também o elevado exército de mototaxistas que diariamente cresce em todos os cantos do país.
Confesso, nunca tinha visto tanta motorizada como nos últimos tempos, algumas até a serem dirigidas por jovens muitos dos quais não aparentam ter a idade exigida para se ter habilitação de condução.
Numa conversa recente com o jornal OPAIS, um responsável da Polícia Nacional avançou que, no espaço de um ano, por exemplo, os mototaxistas estiveram envolvidos em cerca de 700 mortes nas estradas de Angola.
Trata-se de um número elevadíssimo.
E muitas das vítimas acabam por ser muitos deles jovens, que escudados na necessidade de sobrevivência, acabam também por constar das estatísticas por desrespeitarem às regras de trânsito e se envolverem até em acções de desacato.
Reduzir os acidentes e o número de mortos nas estradas nacionais, provinciais e outras secundárias e terciárias passa, necessariamente, por um maior acompanhamento a este exército de duas rodas que hoje colocam em perigo e sobressaltos passageiros, automobilistas e não só.
Depois do registo e das acções de sensibilização, que não estão a contar com uma grande divulgação por parte das organizações que os defendem, deve-se, sim, chamar à razão muitos deles, para que não façam parte das estatísticas mortais que se tornaram preocupantes.