Quem nunca ouviu esta frase ecoando pelas ruas de Luanda ou nos becos dos mercados populares? Pode soar estranho à primeira vista, é verdade, e muitos já se mataram de rir; outros, infelizmente, praticaram até mesmo bullyng.
Entretanto, por trás desse “português” está um verdadeiro espírito de negócio, recheado de astúcia, resiliência e muita estratégia. Esses vendedores enxergam valor onde muitos desprezam.
Transformam baterias estragadas, ouros machucados e brincos partidos em fonte de renda. Eles sabem que o saco fazio não fica de pé, a língua por si só não enche a barriga. No entanto, apesar da garra dos filhos da mãe África, os seus negócios operam sem segurança, sem apoio instituicional e enfrentam o preconceito. Ainda falta formalização, crédito e reconhecimento.
Mesmo assim, eles resistem às pressões e, incansavelmente, procuram o precioso pão. “Baterria estragado, ourro machucada, brinco e anel tá pagá e tá comprá” não é só uma chamada de venda, é um grito de sobrevivência criativa.
Representa milhares de jovens e adultos que, mesmo sem diploma ou vitrine; mesmo sem padrinho na cozinha ou link, movimentam a economia com inteligência prática.
Eles reiventam produtos e serviços, agregam valor ao que parecia inútil e constroem seu próprio caminho com determinação. É preciso olhar para essas histórias com respeito, pois são exemplos vivos de persistência.
Valorizar esse espírito de negócio é endender que o futuro do país também passa por essas vozes das ruas. No entanto, quando ouvirmos a frase “baterria estragado, ourro machucada, brinco e anel tá pagá e tá comprá”, que seja com admiração e consciência de que por trás dela existe um mundo de batalhas diárias – a luta pela sobrevivência.
Por outro lado, devemos valorizar os esforços positivos e ganhos honestos. Esses vendedores enfrentam o sol, a chuva, o desprezo diário só para levar o pão em casa. Portanto, para que essa e outras iniciativas de empreendedorismo cresçam e floresçam de verdade, é fundamental que haja políticas públicas que ofereçam capacitação, acesso a crédito e formalização simplificada.
Apoiar esses vendedores é investir no crescimento sustentável e na redução das desigualdades. Desde que for de forma honesta, todos os filhos de Angola merecem uma oportunidade de alavancar a economia do país e, claro, ter espaços de aprovação para conseguir o precioso pão.
Obviamente, consegue-se de diversas formas, mas a forma especial é a que ouvimos ecoando pelas ruas de Luanda ou nos becos dos mercados populares: “baterria estragado, ourro machucada, brinco e anel tá pagá e tá comprá”.
Por: LUTINA SANTOS