O ensino da Língua Portuguesa revela grandes diferenças que não podem continuar a ser ignoradas. Essas diferenças manifestam-se nos métodos pedagógicos, na formação dos professores, nos materiais didácticos e, sobretudo, na concepção do que significa ensinar a língua. Em muitos contextos, ensinar Português reduz-se à memorização de regras gramaticais; noutros, privilegia-se apenas a comunicação espontânea.
Ambos os extremos produzem resultados frágeis. Há sistemas de ensino que tratam a língua como um conjunto de normas abstractas, desligadas do uso real. O aluno aprende definições, classifica palavras e identifica funções sintácticas, mas não consegue escrever um texto coerente nem interpretar criticamente o que lê. Em contraste, há abordagens que abandonam quase por completo a norma, defendendo que “o importante é comunicar”.
O resultado é um falante que até se expressa, mas sem rigor, precisão e consciência linguística. As diferenças agravam-se quando se consideram contextos sociolinguísticos distintos.
Em países multilíngues, como Angola, o ensino do Português enfrenta desafios específicos: interferência das línguas nacionais, falta de materiais contextualizados e, por vezes, professores sem formação linguística sólida.
Ignorar essa realidade é condenar o ensino ao fracasso. Ensinar Português não é impor um modelo alheio, mas construir competência linguística a partir do contexto do aluno.
Outra diferença crucial está na valorização da leitura e da escrita. Onde se lê pouco, escreve-se mal. Onde a escrita não é exercitada com orientação séria, a língua empobrece.
O ensino eficaz do Português exige contacto constante com textos de qualidade, reflexão sobre o uso da língua e prática orientada, não improvisação. As grandes diferenças no ensino do Português reflectem, no fundo, opções educativas.
Ou se forma um falante consciente, crítico e competente, ou se perpetua um ensino superficial. A língua é património cultural e instrumento de pensamento. Tratá-la com leviandade é comprometer o futuro intelectual de toda uma geração.
Por: MARCOS DALA









