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O dia em que o gelado era feijão

Jornal OPaís por Jornal OPaís
29 de Julho, 2025
Em Opinião

Há imagens que moram para sempre na nossa memória, mas há outras que moram também na nossa cultura. Uma delas é abrir a geleira, ver um lindo pote de gelado e, cheio de expectativa, correr para ele… só para descobrir que afinal está cheio de feijão cozido! Sim, é isso mesmo que leu. Feijão! E, acredite, se se riu só de imaginar, é porque esta história também faz parte da sua vivência, ou da de alguém próximo.

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Este episódio aparentemente banal carrega muito mais do que um susto ou uma decepção: ele conta sobre os tempos difíceis, sobre criatividade, e sobretudo, sobre um tipo de sabedoria que é passada de geração em geração. Há poucos dias, vivi novamente esta cena.

Estava em casa, abri a geleira e lá estava ele, o pote de gelado, colorido, sugestivo. O coração sorriu antes mesmo de provar. Mas bastou abrir a tampa para a surpresa: feijão! E foi aí que me ri. Ri com gosto, ri com saudade.

Porque ali, diante daquele pote que prometia doçura mas entregava comida do dia-a-dia, voltou tudo à memória, a infância, as casas partilhadas, os quintais cheios de vozes e a economia feita de jeito.

Antigamente, as famílias não tinham tantas opções de compra. Às vezes não era apenas falta de dinheiro, era a escassez no mercado, a ausência de variedade, e por isso, tudo se aproveitava.

Os potes de gelado, de manteiga, os frascos de café… ganhavam nova vida. Tornavam-se tigelas, marmitas, caixas de arrumação. Era como se cada embalagem tivesse uma segunda existência mais nobre: ajudar a conservar o que havia com dignidade.

E sim, muitos ainda o fazem. Não por necessidade, mas porque há hábitos que viraram tradição, herança de um tempo em que se sobrevivia com engenho e graça.

Aquele feijão no pote de gelado já foi arroz ontem, já foi funge outro dia, e amanhã pode ser molho de tomate. Cada tampa esconde uma história. E por vezes, também uma gargalhada. Estas práticas contam sobre nós.

São o retrato de um povo que aprendeu a viver com pouco, sem perder o sabor da vida. Mostram como os lares eram (e continuam a ser) espaços de criatividade, onde se educa com recurso ao que se tem.

E, principalmente, revelam que a abundância nem sempre está no luxo, mas na arte de fazer render e na capacidade de dar novo uso às coisas. Se olharmos bem, cada pote reciclado fala da avó que não desperdiçava nada, da mãe que improvisava para alimentar todos, do pai que reaproveitava tudo e dos filhos que cresciam a aprender que o valor das coisas não está na embalagem, mas no conteúdo.

E isso vale para os objectos, mas também para a vida. E veja como a memória é generosa: hoje em dia, quando abrimos um pote de gelado e encontramos feijão, já não há frustração. Há um sorriso.

Porque já sabemos que ali dentro está mais do que comida. Está história. Está afecto. Está resistência. Que esta partilha sirva como lembrança da riqueza escondida nas rotinas simples e como celebração da criatividade que nos foi legada.

Que continue a viver nos nossos gestos, nas nossas casas e também nas nossas geleiras! Que Deus abençoe a sua jornada e lhe traga memória doce, gargalhadas leves e gratidão pelas heranças mais simples. Receba o carinhoso e apertado abraço, bem como a promessa de voltar com mais partilhas matinais.

Por: LÍDIO CÂNDIDO “VALDY”

N’gassakidila.

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