A campanha eleitoral nas associações desportivas consiste em contar uma história de tal modo que um atleta de formação acredite que o candidato é o único “herói credível” da história.
Mas para chegar a esta simplicidade ou simplificação, para além da experiência e dos saberes genéricos, é preciso ter ou dominar conhecimentos técnico-científicos sobre o nosso sistema desportivo, o sistema mediático, o sistema de comunicação ou, por exemplo, sobre as técnicas referentes à definição dos atributos de imagem, criação da mensagem e de um slogan, desenho do plano estratégico, etc.
É importante que os candidatos estejam preparados, a fim de organizarem as suas campanhas com uma dimensão mais assertiva, profissional e profunda. Uma das condições necessárias para a consolidação de qualquer processo desportivo é a capacidade da classe de perceber, compreender e atender às diferentes demandas originadas dos diversos sectores que compõem a sociedade.
Tal capacidade está intimamente vinculada à forma como são eleitos os candidatos aos diversos cargos das federações desportivas nacionais. Este processo de escolha pode ser distorcido de várias maneiras, sendo uma das mais comuns a que se dá através do abuso do poder económico dos candidatos.
O aumento da importância do processo eleitoral no controlo e distribuição dos benefícios do Estado para as associações desportivas está fazendo com que a disputa por um cargo torne-se mais renhida a cada pleito, na medida em que os diversos segmentos de clubes e associações provinciais desenvolvem um esforço intenso para eleger o candidato mais afinado com as suas ideias e visão de interesses.
Os recentes debates emitidos pela TPA, que tive o grande privilégio de moderar, com candidatos à presidência das federações de basquetebol e futebol, vieram destapar a grande carência entre nós do contraditório desportivo em época eleitoral
. Foi notório o grande esforço individual dos candidatos em fazer passar a sua mensagem, entretanto sem uma estratégia comunicativa e discursiva assertiva. Passar ideias e estratégias para os eleitores não é apenas traçar uma linha, é sobretudo sustentar estes projectos em princípios de comunicação persuasiva. Faltou muitas vezes, no debate entre os candidatos, uma combinação de técnicas verbais e não verbais, como linguagem corporal, tom de voz, escuta activa e o uso de emoções.
Num processo eleitoral, a aprovação social é determinante, já que as pessoas tendem a observar o comportamento de outras pessoas antes de decidir o que é certo ou mais adequado. Fica o desafio para os próximos candidatos aos processos eleitorais nas associações desportivas: preparar e estruturar um discurso mais convincente, uma vez que um bom comunicador sabe o que e como falar, no momento certo.
Por: Luís Caetano