Na selva, onde cada criatura defende o seu território com garras e dentes, há uma figura peculiar: o advogado da floresta. Aquele que conhece as regras da convivência entre as espécies, que intermedeia conflitos entre predadores e presas, e que, com habilidade, tenta equilibrar a balança entre a força bruta e a razão. Mas, curiosamente, até mesmo esse advogado – tão conhecedor das leis da selva – um dia precisou de outro advogado.
Sim, até o leão da lei pode ser cercado por hienas astutas, preso por armadilhas que ele próprio alertava que existiam. E nesse momento, o rei da argumentação vira réu do tribunal da selva.
Esse acontecimento, que poderia parecer uma peça de teatro cômico entre os galhos da floresta, na verdade revela uma realidade mais profunda. Na selva, as regras existem… mas nem sempre são seguidas.
O que vale, muitas vezes, é quem ruge mais alto, quem tem mais aliados no bando certo, ou quem controla o ninho das decisões. Não se trata aqui de inocentar o advogado-caído.
Existem, sim, aqueles que usam o conhecimento das leis para benefício próprio, cruzando a linha entre o certo e o errado. Porém, o que causa espanto é a forma como a justiça da selva decide a quem morde e a quem afaga.
Uns são engolidos por pequenas falhas, outros escapam ilesos mesmo depois de caçadas brutais. A selva tem suas próprias ironias. Ver o defensor precisar de defesa, o julgador ser julgado, é um lembrete de que, quando o sistema se corrompe, ninguém está realmente seguro.
Nem o mais sábio dos corvos, nem o mais velho dos elefantes. E assim, os animais da floresta seguem murmurando entre os arbustos: há coisas que só acontecem nesta selva.
Por: RIBAPTISTA