Ontem, o coração de Angola voltou a sorrir no desporto. Depois de quase 13 anos sem conquistar o título, a nossa selecção nacional voltou a ser campeã do AfroBasquete, pela 12ª vez. Foi em casa, na Arena do Kilamba, em Luanda, e parecia que cada lance era jogado por todos nós, como se o público fosse o sexto jogador em campo.
A vitória contra o Mali foi mais do que um jogo de basquetebol. Para muitos, esse nome ainda fazia ecoar a memória amarga do 4-4 no CAN de 2010. Mas, desta vez, o desfecho foi outro: 70-43, um placar expressivo que mostrou ao mundo a força da nossa equipa e a paixão de um povo que vibrou do primeiro ao último minuto.
Foram semanas de competição em que Angola demonstrou consistência, garra e união. Vencemos adversários duros, mantivemos a invencibilidade e fechámos o campeonato de forma categórica, coroando um trabalho de longo prazo que nos devolveu ao lugar onde sempre sonhámos estar: no topo de África.
Entre os heróis desta conquista está Childe Dundão, o baixinho gigante de 1,67m, eleito MVP do campeonato. Com a sua velocidade, coragem e determinação, provou que a grandeza não está no tamanho, mas no coração e na entrega. Teve jogos memoráveis, como frente a Cabo Verde, onde marcou 30 pontos, incendiando as bancadas.
Outro destaque foi Bruno Fernando, actualmente no Real Madrid, que brilhou nos rebotes e mostrou maturidade em campo, sendo peça-chave para o equilíbrio da equipa. Vale sublinhar também a presença de jovens talentos com sangue de campeões: o filho do lendário Jean-Jacques, que continua a inspirar dentro e fora de quadra, e o filho do empresário Henriques Miguel “Riquinho”, a mostrar que a chama do basquete angolano passa de geração em geração.
A emoção não ficou só dentro das quatro linhas. Nas bancadas, vimos lendas vivas como Jean-Jacques, José Carlos Guimarães e o Professor Victorino Cunha, lado a lado com a nova geração representada por Joaquim Gomes “Kikas” e Carlos Morais.
Este último protagonizou um momento inesquecível quando foi puxado para dentro de campo, numa homenagem que fez transbordar lágrimas de orgulho e reconhecimento. Até a camisola da equipa, tanto na versão branca quanto na preta, parecia um troféu vivo vestido pelos jogadores — a materialização de um sonho que se tornava realidade.
Mas talvez a maior lição dessa vitória esteja para além do desporto. Foram 13 anos de espera, de quedas e reerguidas, de frustrações e recomeços. Angola voltou ao topo porque não desistiu, porque acreditou, porque continuou a trabalhar mesmo quando parecia distante.
E essa é a reflexão que fica para cada um de nós: – Qual é o seu campeonato pessoal que ainda está por conquistar? – O que precisa continuar a treinar, mesmo cansado e desacreditado, até chegar a sua vez de erguer o troféu? Se Angola conseguiu se levantar e conquistar novamente, depois de tantos anos, você também pode. Que Deus abençoe a sua jornada, que lhe dê coragem para lutar e fé para acreditar que o seu tempo também vai chegar. N’gassakidila.
Por: LÍDIO CÂNDIDO “VALDY”