Há poucos dias, um político que aspira à liderança de um grande país como Portugal, de forma quase tresloucada, quis, de forma polémica, levar até ao seu moinho a direcção de um debate entre a Europa e Angola, como se merecesse isso. Há muitos anos, depois de largos anos de escravatura, muitos países europeus iniciaram um processo de reconhecimento dos erros cometidos durante décadas.
Muitos destes países, entre os quais a Itália e a Alemanha, não só reconheceram as atrocidades cometidas como também têm buscado mecanismos no sentido de se superar o passado e escrever um novo ambiente no futuro.
Em menos de uma semana, Angola volta a estar na boca do mundo, numa altura em que o continente africano e a Europa procuram encontrar melhores vias de cooperação. E como palco, onde a partir de hoje estarão concentrados mais de 50 chefes de Estados e de Governo, foi escolhida a cidade de Luanda, capital de Angola.
O encontro entre África e União Europeia, que ocorre após o país ter assistido ainda este ano aos encontros África e Estados Unidos, assim como a um importante encontro para obtenção de financiamento para infra- estruturas, demonstra não só o papel que Angola ganha na linha da frente do continente berço da humanidade, como sobretudo a dinâmica que o processo tem vindo a conhecer na actual liderança do Presidente João Lourenço.
Apesar de uma presença marcante no passado, na era colonial, a Europa foi perdendo terreno para outros países, principalmente a China, que estendeu os seus tentáculos económicos e financeiros. Não é em vão que se tornou um dos maiores credores do continente, sem muitas exigências como os parceiros europeus e norte- americanos, que ao longo das últimas duas décadas parecem ter virado as costas à África.
Mais do que meros exercícios de exibicionismo, como infelizmente vai apregoando o maior partido da oposição em Angola, a vinda de dignatários de vários países, africanos, europeus e americanos, tem servido não só para a angariação de fundos, como também para o aumento da cooperação entre os vários estados.
A cimeira que hoje arranca, sob o signo da paz e da prosperidade multilateral, vai elevar os novos mecanismos de cooperação, sem subordinação, em que as partes tenderão a tirar partido das oportunidades a serem criadas. Diferente do passado, o continente africano deve olhar para muitas das vantagens como porta para que os seus países busquem tecnologia, conhecimento, imputs e mecanismos que levem a que muitos recebam a nível interno o aproveitamento que possibilite criar riquezas.
Acredita-se que é para isso que encontros como o fórum de negócios, com mais de 600 participantes, entre africanos e europeus, se unirão na busca de negócios que poderão trazer mais benefícios para os vários países. E que os países africanos e europeus obtenham vantagens mútuas, distantes da exploração que se viveu há muitas décadas.









